segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

TRÊS RÉUS QUE DEVEM SER CONDENADOS, NO CASO DO MENINO SEAN GOLDMAN. 1- O GOVERNO BRASILEIRO. 2 – O MINISTRO GILMAR MENDES. 3 – OS JORNALÕES QUE “FABRICAM” CARTAS A FAVOR DO ACORDO, NENHUMA CONTRA ISSO.

Hoje, Dia de Natal, a humanidade, mesmo a parte mais numerosa, abandonada por todos os governos dos mais diversos países, é dominada pelo sentimento, se deixa levar pelo coração, antes da razão e do domínio do cérebro. Essa sentimentalidade é preciosa e pode ser interpretada das mais diversas formas, casos e episódios.

O rumoroso e demorado litígio a respeito do destino do menino Sean Goldman, se enquadra num grande e inviolável debate, que provoca enorme e também inviolável processo, protesto e reação. CONTRA e a FAVOR.

Não é desses casos em que se consegue, se conquista ou se obtem unanimidade, pois é natural a controvérsia, a posição e a oposição à entrega do menino ao pai biológico ou à permanência dele no Brasil.

Não quero entrar no exame aprofundado da situação, pois já reconheci o direito dos dois lados manifestarem suas opiniões e defenderem o que reconhecem como legítimo. Mas não posso silenciar a respeito de muitos aspectos. Aqui, nesse exame, são réus irrefutáveis, irrevogáveis e irresponsáveis, alguns órgãos e pessoas que não poderiam julgar e serem julgados. E neste caso, condenados não pela decisão, mas sim pela imprudência, inconsciência e subserviência.

1 – O governo brasileiro.

2 – O Ministro Gilmar Mendes.

3 – Os jornalões refugiados na omissão.

1 – Houve um acordo Brasil-Estados Unidos, conduzido (como sempre e primariamente) pelo Ministro Celso Amorim. Este, personagem, protagonista e réu no famoso escândalo da Embrafilme nos anos 80, jamais poderia ser chanceler, e ainda mais com a duração no cargo.

Depois de muitas ameaças, os Estados Unidos decidiram pela represália contra o Brasil. (Por que todos acham que podem desprezar o Brasil, como fez Berlusconi no caso Battisti? Não pediu extradição à França durante 10 anos, ameaçou o Brasil de todas as maneiras).

Estava no Senado dos EUA um projeto concedendo isenção tributária a 136 países. Comunicaram isso ao país, detalhando: “Esse projeto será votado na noite de terça-feira, o Brasil estará fora”.

Conversaram, Lula concordou, fizeram todos os cálculos da votação de lá, e o recesso do Supremo aqui. Não fizeram combinações como hoje, usaram a geometria, acontecia com os gregos há milhares de anos, saiu tudo perfeitamente, ou melhor, exato como queriam.

2 – A parcialidade do Presidente do Supremo. Concretizado o “Tratado da Omissão”, (que Gilmar Mendes, na sua imensa teatralidade, confundiu com o Tratado DA Haya, que ele diz DE Haya, perdoai-o, Senhor), tudo foi rigorosamente orquestrado com o RECESSO do Supremo. Para quem não sabe, nesses casos, todo o Poder fica com o Presidente.

A votação do Senado americano, seria no dia 22 à noite. No dia 22, em pleno dia, Gilmar Mendes consumou sua passagem pela Presidência, com o ACORDÃO, não confundir com ACÓRDÃO (decisão colegiada, nada a ver com Gilmar, um ministro singular em todos os sentidos da palavra), devolvendo o menino Sean e fazendo média com o Executivo. Único que pode incendiá-lo, antes dele “atear fogo às vestes”, perdão, à toga, que tanto desgasta, desprestigia, vá lá, deslustra.

Nada surpreendente em Gilmar Mendes, nem mesmo a complementação da função com uma interligação advocatícia. Ele já libertou Daniel Dantas duas vezes, e mais libertaria se mais vezes fossem necessárias.

E depois de devolver o menino para os EUA, referendando o acordo do Executivo, para mostrar “olha, não mudei nada”, libertou o médico acusado de 50 ESTUPROS DE CLIENTES.

E ressalvou e ressaltou: “Está libertado até o fim do processo, depois de transitado em julgado”. Também, esse médico teve a sabedoria não-medicinal, de contratar advogado de empreiteiras. Excluídos (ou incluídos?) os estupros, o médico é um bom e perfeito empreendedor. Ou “empreiterador”?

3 – Os jornalões no mundo inteiro publicam cartas divididas entre a FAVOR e CONTRA, para agradar a todos os tipos de leitores, mas também se aproveitam. Quase que diariamente se escondem atrás de cartas, usando-as como editoriais. Colocam as verdadeiras e as camufladas, e então exibem suas opiniões. É mais fácil e mais verdadeiro do que um editorial.

Pois o Globo de ontem (e outros jornalões, na mesma linha defendida pela ANJ-Associação Nacional de “Jornais”) publica 9 cartas, TODAS A FAVOR da ida do menino para fora do Brasil, o único país que ele conhece. A omissão por interesse, mais forte do que a isenção por convicção.

* * *

PS – Gilmar Mendes está no fim da Presidência, que só poderia exercer mesmo pelo rodízio. Vai marcar indelevelmente o Supremo, que passará a ser citada como ANTES de Gilmar e DEPOIS de Gilmar.

A PROTEÇÃO DA CRIANÇA E A CONVENÇÃO DA HAIA DE 1980*

FRANCISCO CLÁUDIO DE ALMEIDA SANTOS**
Ministro aposentado do Superior
Tribunal de Justiça, Advogado
O reconhecimento, no âmbito internacional, de ter a criança
necessidade de uma proteção e cuidados especiais, nomeadamente de
proteção jurídica diferenciada e adequada, desde o seu nascimento, em
razão de sua falta de maturidade física e intelectual, é preocupação do
direito, a partir do século passado.
Aquelas carências foram proclamadas na Declaração de
Genebra dos Direitos da Criança de 1924, aprovada pela assembléia da
então existente Liga das Nações, no que tange aos meios para seu
desenvolvimento normal, à alimentação, à amamentação, à preferência
para receber ajuda em momentos de angústia, ao ganho para sua
subsistência e à proteção contra toda forma de exploração,
independentemente de raça, nacionalidade ou religião. A criança
delinqüente deveria ser recuperada e o órfão protegido. Estas
necessidades foram reconhecidas na Declaração Universal de Direitos
Humanos, de 1948, onde, em seu art. XXV, 2, foi sumariamente declarado
que a maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência
especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio,
gozarão da mesma proteção social.
Quanto à criança, o primeiro ato proclamado pela Resolução
da Assembléia Geral da ONU, criada em 1945, foi a Declaração dos
Direitos da Criança de 1959, que, relembrando a declaração de Genebra
de 1924, e considerando que a Humanidade era devedora à criança do
melhor do seus esforços, elaborou um elenco de 10elaborou um elenco de 10 princípios, com vistas
* Palestra proferida na abertura do III Congresso Paulista de Direito de Família do
IBDFAM-SP, em 27.08.2009.
A Proteção da Criança e a Convenção da Haia de 1980
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a proporcionar ao ser humano tutelado uma infância feliz e o gozo dos
direitos e liberdades definidos naqueles princípios, assim como para
chamar a atenção dos pais, das organizações, das autoridades e dos
governos para o reconhecimento daqueles direitos. Nada mais, porém, do
que uma simples declaração de princípios.
Em 1969, foi aprovada em nosso continente a Convenção
Americana de Direitos Humanos (Decreto 678/1992), conhecida como
Pacto de San José da Costa Rica, em cujo artigo 19 está inscrita a
recomendação de que “toda criança tem direito às medidas de proteção
que sua condição de menor requer, por parte da família, da sociedade e
do Estado”.
Finalmente em 1989, surgiu o instrumento, na ordem
internacional, mais importante para a garantia dos direitos da criança,
através da Convenção sobre os Direitos da Criança, documento aprovado
unanimemente pela Assembléia Geral da ONU, após dez anos de trabalho
de um grupo criado por ocasião das comemorações do Ano Internacional
da Criança.
Assim, somente quase no final do Século XX os trabalhos das
Nações Unidas foram coroados de êxito, com a aprovação da Convenção
sobre os Direitos da Criança, em vigor no cenário internacional a partir
de setembro de 1990, e, entre nós, a partir de outubro do mesmo ano,
conforme consta no preâmbulo do Decreto 99.710/1990, que promulgou a
Convenção.
A Convenção destaca os quatro direitos fundamentais da
criança, isto é, à sua sobrevivência, ao seu desenvolvimento, à sua defesa
contra todas as formas de exploração e à sua participação na família e na
sociedade, assim como o direito à sua proteção integral, às suas
prioridades, o princípio de seu interesse maior (ou o melhor interesse) e o
direito à convivência familiar, impondo aos Estados Partes o respeito aos
direitos enunciados nesta Convenção e a adoção de medidas legislativas,
A Proteção da Criança e a Convenção da Haia de 1980
3
administrativas e de outra índole com vistas à implementação dos direitos
reconhecidos na mesma Convenção, consoante comentários feitos pela
douta advogada Tânia da Silva Pereira em artigo intitulado A Convenção
sobre os direitos da Criança (ONU) e a proteção da infância e adolescência
no Brasil (RDC, vol. 60, abril-junho/1992).
Encontram-se nesta Convenção, a respeito das relações
familiares da criança e da segurança quanto a sua transferência de um
Estado Parte para outro, na companhia dos pais ou de um deles, algumas
disposições que, como corolários do princípio do melhor interesse da
criança, examinaremos. E a propósito desta expressão, em seu texto
original em inglês a Convenção dispõe sobre the best interests; a
expressão foi traduzida, em alguns países, como interesse superior ou
interesse maior, como figura no texto em português do Brasil; porém,
como observa ainda a citada advogada (O Melhor Interesse da Criança;
um debate Interdisciplinar, Rio de Janeiro, Renovar, 2000, p. 6), o
conceito qualitativo – melhor interesse – deve ter nossa preferência,
conforme orientação constitucional e infraconstitucional adotada pelo
sistema jurídico brasileiro.
Em seu art. 9º, dispõe a Convenção que os Estados Partes
deverão zelar para que a criança não seja separada dos pais contra a
vontade dos mesmos, exceto quando, sujeita à revisão judicial, as
autoridades competentes determinarem, em conformidade com a lei e os
procedimentos legais cabíveis, que tal separação é necessária ao interesse
maior da criança, ou seja, o melhor interesse da criança. Tal determinação
pode ser necessária em casos de maus tratos ou descuido impostos a
criança por parte de seus pais ou quando estes vivem separados e uma
decisão deve ser tomada a respeito do local da residência da criança,
principalmente, quando os pais da criança residirem em países diversos.
Continuando, o artigo dispõe que os Estados respeitarão o
direito da criança manter regularmente relações pessoais e contato direto
A Proteção da Criança e a Convenção da Haia.

Leiam mais acessando o link:http://bdjur.stj.gov.br/xmlui/bitstream/handle/2011/24111/Prote%C3%A7%C3%A3o_Crian%C3%A7a_Conven%C3%A7%C3%A3o.doc.pdf?sequence=1

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Para Meditação

“[Os pastores e os anjos]Naquela noite, encontravam-se nos campos fora da vila alguns pastores que guardavam os seus rebanhos. Eis que de súbito apareceu entre eles um anjo, e o campo ficou iluminado com a glória do Senhor. Sentiram muito medo, mas o anjo sossegou-os: Não tenham medo; trago-vos a notícia mais feliz e que se destina a toda a gente! Esta noite, em Belém, a cidade de David, nasceu o Salvador - sim, o Cristo, o Senhor.” http://sacerdocioperene.blogspot.com/

Laudo protege contra danos

Basta iniciar uma construção no terreno ao lado, para o morador começa a preocupar-se com os transtornos que terá de enfrentar. Pelo menos durante alguns meses, será necessário lidar com incômodos como a sujeira e o barulho. Porém, há outro inconveniente que somente será notado pelo morador com o término da construção: os danos que o imóvel poderá sofrer, decorrentes do canteiro de obras ao lado.

Rachaduras, fissuras, trincas, avarias no telhado ou na pintura, infiltrações e deslocamento de pisos são alguns problemas menos graves, já que uma construção de maior porte pode, até mesmo, provocar danos estruturais nas residências vizinhas e também comprometer a segurança dos moradores.

Para garantir que não ocorra a desvalorização dos imóveis vizinhos durante ou após as obras, há um estudo chamado Laudo de Vizinhança, que geralmente é encomendado pelas construtoras, mas o morador também pode contratar um perito para executar o laudo e assegurar-se juridicamente, caso sua casa sofra algum dano.

O documento é composto por um estudo detalhado sobre o estado dos imóveis vizinhos da obra, antes que os trabalhos sejam iniciados. Um perito é chamado para diagnosticar o estado das residências. Caso ocorra algum problema posterior à construção, a responsabilidade será da construtora, que terá de arcar com os prejuízos e devolver os imóveis às condições em que se encontravam.

“É o Laudo de Vizinhança que vai servir como uma garantia para ambas as partes: construtora e vizinhos”, explica o perito e presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo (Ibape-SP), Tito Lívio Ferreira Gomide.

O documento contém, além da análise do perito, uma ‘radiografia’ do imóvel, documentada por meio de fotografias de todos os ambientes internos e externos, e assegura, para as construtoras, que os proprietários dos imóveis localizados ao redor não venham a reclamar por danos já existentes.

“O Laudo de Vizinhança vem para perpetuar a situação real do ponto de vista da segurança dos imóveis que já existam ao redor da construção. Ele é importante, principalmente, quando o vizinho é proprietário de uma residência mais antiga, pois o risco de o imóvel sofrer ou já possuir algumas deteriorizações é maior”, completa o perito.

Não existe a obrigatoriedade de que as construtoras façam o documento. “Mas, hoje em dia, as grandes empresas não se arriscam a construir sem f azer o laudo”, argumenta o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-SP), José Augusto Viana Neto, que acrescenta: “O custo do perito acaba sendo irrisório se comparado ao problema que pode representar posteriormente à empresa ou no custo total da obra”.

Caso o vizinho queira assegurar-se, é possível contratar um perito para fazer o estudo de seu imóvel. Quem não quiser arcar com esse custo pode entrar em contato com a construtora e certificar-se de que o Laudo de Vizinhança foi feito.

Estudo pode ser registrado em cartório

O Laudo de Vizinhança, juridicamente conhecido como Ad Perpetuam Rei Memoriam, tem validade permanente. Pode ser registrado em um Cartório de Títulos e Documentos e, quando necessário, serve como uma prova judicial.

“Esse laudo tem dezenas de fotografias, e todas as anomalias do imóvel são registradas”, explica o presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo (Ibape-SP), Tito Lívio Ferreira Gomide. “É como um filme, um retrato da situação do imóvel na época.”

“A execução do Laudo de Vizinhança também pode auxiliar a resolver problemas já existentes no imóvel”, explica Gomide.

“Se houver um muro que tenha problemas, por exemplo, o proprietário é notificado pela construtora para providenciar o conserto antes do início das obras.”

No entanto, não é qualquer profissional que tem a capacidade para executar esse trabalho. “É preciso que o engenheiro tenha pós-graduação em perícia”, ressalta o presidente do Ibape-SP.

Para garantir que o profissional contratado seja mesmo qualificado, a recomendação é recorrer a um perito filiado ao Ibape.

“O instituto existe há mais de 50 anos, e temos cerca de 500 profissionais associados em todo o Estado de São Paulo”, diz Gomide.

É a escolha do perito competente que vai garantir a segurança do estudo como documento, caso seja necessário utilizar o laudo como prova judicial.

Caso o proprietário queira fazer o estudo por conta própria, os peritos da construtora e o contratado pelo vizinho podem trabalhar em conjunto para que não ocorra divergências nas informações.

Quando o proprietário perceber que seu imóvel foi danificado por conta de uma obra de construção no terreno vizinho, a primeira providência que deve ser tomada é avisar a construtora. Isso pode ser feito por meio de uma notificação extra-judicial.

Se for de responsabilidade da construtora arcar com os prejuízos causados pela obra, a notificação vai assegurar ao vizinho a sua indenização. “Mas, se por acaso, a empresa se negar a pagar ou não quiser responsabilizar-se, o proprietário deverá, então, contratar um perito para deixar claro de quem é a responsabilidade”, explica o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-SP), José Augusto Viana Neto.

O perito terá condições de analisar se o problema é decorrente da obra ou não. E, para evitar todo esse transtorno, é possível ainda, de acordo com Viana Neto, precaver-se com antecedência e contratar o profissional antes de a obra ser iniciada, para ter um parecer da condição atual do imóvel e comparar depois para saber se houve avarias.

Caso existam danos e a construtora se negue a indenizar as perdas, a solução para o proprietário é contratar um advogado e entrar com ação judicial contra a empresa.

“Mas, se houver danos estruturais que venham a comprometer a segurança dos moradores, a saída é acionar o Ministério Público”, ressalta o presidente do Creci-SP.

Antes, porém, de iniciar um processo judicial, que poderá comprometer muito tempo e dinheiro, além da paciência do proprietário do imóvel, existe outra alternativa: acionar a junta de conciliação do Creci. “É só registrar a queixa contra a construtora por meio do nosso site”, explica Viana Neto. “Nós podemos intermediar a discussão entre as partes e chegar a um consenso sem maiores demoras.”

Conciliação ‘diplomática’

Isso é possível porque é obrigatório que todas as empresas construtoras sejam associadas ao Creci. A instituição aciona o seu departamento jurídico, que tenta uma conciliação ‘diplomática’ sem necessidade de intervenção da Justiça.

“Para nós, é interessante que casos assim sejam denunciados. As questões de falta de ética e indisciplina dos nossos associados devem ser resolvidas e punidas, sempre que existirem”, alega o presidente.

“Entretanto”, ressalta Viana Neto, “essa prática não é muito comum”. “A maioria das construtoras já utiliza os peritos para a execução do Laudo de Vizinhança, para evitar atritos e promover um bom relacionamento da empresa com os moradores ao redor da obra.”

Caso o proprietário do imóvel não receba a visita de um perito contratado pela construtora no início da obra, poderá precaver-se contratando, por sua conta, um perito para realizar o laudo e garantir os seus direitos futuramente.

Veja quem pode ser acionado

IBAPE-SP
Para contratação de peritos para realizar o ‘Laudo de Vizinhança’
Telefone 3875-7350
www.ibape-sp.org.br

CRECI-SP
Para registrar queixa contra
construtoras e mediar acordos extrajudiciais
Telefone 3886-4933
www.creci.org.br

Ministério Público
Para ação contra construtoras que danificam os imóveis vizinhos durante construção, com risco aos moradores
Telefone 3119-9000
www.mp.sp.gov.brI

Mas, se a obra ao lado oferecer riscos relacionados à segurança dos moradores, a medida a ser tomada é entrar com uma ação no Centro de Apoio Operacional de Urbanismo e Meio Ambiente, do Ministério Público, na Rua Riachuelo, 115, no Centro da Capital. Informações podem ser obtidas por meio do telefone 3119-9000.

O que é adultério

Os homens ainda traem mais que as mulheres, mas as estatísticas estão caminhando para uma situação igualitária de maneira rápida. Além disso, o número de pessoas que traem também cresce de modo contínuo e veloz. Não tardará o dia em que todos nós, ao menos uma vez, não só será corno (ou corna), mas saberá disso de modo bem claro. E isso não em situações de namoro ou casamentos pouco sugestivos, mas mesmo em casamentos promissores ou efetivamente duradouros.

Não é o caso aqui de falar de motivos para o adultério. A literatura diz melhor sobre isso que a filosofia. O que me interessa aqui é a própria situação de adultério, ou seja, o que a caracteriza se a olhamos não pelo que seria o vulgar, mas pela descrição tentada a partir da filosofia.

A traição é o rompimento de uma confiança que se imagina ser mútua. Na situação pré-moderna a traição entre amigos era mais condenada que a traição entre cônjuges. A modernidade – e todo o seu fundamento profundamente romântico – inaugurou a equiparação entre essas formas de traição e, de certo modo, até mesmo a ampliação da condenação no segundo caso. A adoção da união “por amor”, e não por qualquer outro motivo, fabricou essa nova situação.

ArendtO casamento “por amor” implica no consenso inicial pactuado na intimidade e, portanto, às relações sexuais e institucionais da união soma-se a própria cláusula da amizade. De um modo geral, nos meios caracteristicamente urbanos, a união atual que é a procurada é a que funde dois requisitos: satisfatórias relações sexuais e amizade. Sendo assim, toda a carga emotiva da amizade entra, agora, em um espaço que, em princípio, seria só do sexo e de resquícios de tradições das obrigações matrimoniais do passado. Na lírica de Rita Lee, amor sem sexo é amizade, no pentagrama da vida urbana contemporânea, amor para o casamento é exatamente, então, a amizade com sexo. Desse modo, a traição ganha força dupla – ela rompe não laços que podem ser formais, mas elos da confiança mútua – a amizade – que fixava o horizonte que se prometia comum. Por isso, nos tempos contemporâneos, justamente em uma época que os mais distraídos pensam que “uma traição amorosa não conta mais nada”, ela conta muito. Quem trai não ofende a honra do outro e, sim, se tudo é descoberto ou contado, magoa os sentimentos do outro e fere seu orgulho próprio de modo inaudito. Caso uma constelação celeste desfavorável se insinue, há então situações de confronto espetaculares e trágicas.

HeideggerO que se passa na traição que não temos coragem de contar, talvez nem para nós mesmos, diz respeito a uma completa complexidade de sentimentos. Muitos não se dão conta dos detalhes dos sentimentos ou porque que se observam pouco ou, inversamente, porque se observam muito e ficam chocados com suas reações psicológicas.

A primeira coisa que o cônjuge traído imagina diz respeito ao momento de intimidade que o parceiro ou a parceira viveu com o terceiro elemento. Tudo se passa como se o cônjuge traído fosse levado para a cama de um terceiro elemento a contragosto. O traído sente-se invadido, devassado, exposto. Seu sentimento é o de que é ele que foi levado ao sexo – e de modo desagradável, pois com o estranho. Assim, não é de se achar esquisito que a mesma fantasia do “sexo com o estranho”, que deixa muitos homens e mulheres excitados, reapareça no momento exato em que os casais brigam por conta de traições Assim, não raro, em meio a fantásticas discussões, repentinamente eles se reconciliam, fazem sexo e, após isso, se não voltam a brigar logo em seguida, se engalfinham em bate-bocas e desforras no dia seguinte, ou em maquinações piores. O momento do sexo, no dia anterior, não foi uma reconciliação em toda a extensão da palavra, mas apenas uma situação opaca, criada pela fantasia latente do sexo com o estranho. O estranho, nesse caso, pode funcionar como um fantasma bem específico na imaginação dos dois envolvidos, inclusive cumprindo um papel homossexual, num sentido amplo da palavra.

Casais em meio a uma briga podem fazer sexo, sendo que o traído, nesta hora, imagina o parceiro fazendo sexo com o terceiro elemento – isso parece algo não homossexual, mas, em certo sentido, há sim um componente homoerótico aí envolvido. Há aí a competição, a luta imaginária entre rivais. É claro que as relações de sadismo e masoquismo emergem neste contexto, quase que invariavelmente. Sodomizo minha mulher porque quero, agora que sei que ela pode ter feito sexo com outro, puni-la e/ou mostrar para ela que sou mais homem que o outro. Sodomizo minha mulher porque sempre quis agir assim, mas nunca a vi como mulher sexualizada – objetificada – o suficiente para tal. Então, como ela se mostra ou se fez desejosa de outro, eu avanço o sinal que eu mesmo havia colocado (eis aí o meu erro) de não tratá-la de modo não objetificado. Essa sodomização pode ser simplesmente o coito anal ou mesmo o coito vaginal com alguns tapas etc., nada além. Mas, ao mesmo tempo em que meu sadismo se amplia, mantenho meu sofrimento latente na medida em que o outro que esteve no meu lugar, também esteve ali presente, na minha fantasia quase que impossível de deter. Esse outro fez da minha mulher o que quis, com o consentimento dela. Sofro com isso e o ato sexual perdura meu sofrimento, necessário agora para o meu prazer real – o masoquismo – e, enfim, também para a minha mulher. A mulher, nesta hora, percebe que despertou o marido para algo que ela queria e sabia que queria, ou que, talvez, nem soubesse tanto que queria. Mutatis mutandis tudo isso vale inversamente, para a mulher.

Alguns casais seguem em frente após isso. Há quem diga: foram cicatrizadas as feridas. Não! Ou ao menos não no sentido de que os prazeres envolvidos no despertar do sadismo e do masoquismo desapareceram. Caso as feridas tenham sido cicatrizadas, as chances de ocorrer novamente são grandes. Pois a ferida misturada ao sexo pode ser um ingrediente necessário para aquele casal. Há mulheres que percebem isso e, amando de fato seus maridos, sugerem que os traíram para que a fantasia do jogo sado-masoquista possa estar presente, tênue ou não, no decorrer do casamento. Esquecem-se elas que talvez nem precisassem de tal coisa, pois seus homens, na calada da noite no sexo com elas, sempre estiveram fantasiando, imaginando situações em que elas os corneavam. Isso é muito mais comum do que podemos obter por mensurações estatísticas feitas por psicólogos amadores.

Os homens tendem menos a criar situações, reais ou fictícias, de que estão traindo suas mulheres. Uma boa parte dos homens acha que é melhor “andar na linha”, visivelmente ou realmente, pois podem machucar suas mulheres (ou perder o controle delas por falta de legitimidade moral nas relações de poder que montam um casamento). Há, ainda, uma grande culpa do homem em relação à mulher, pelo fato dele exercer, ainda que não individualmente, uma supremacia social. Mas, logo agirão assim também, ou seja, podendo insinuar uma pequena traição, pois em uma sociedade como a contemporânea os papéis masculinos e femininos, caracterizados antes por “psicologias”, vão desaparecendo em função de um comportamento semelhante e unificado.

Muitos que observam casais que viveram situações de traição imaginam que os divórcios não saíram porque os casais foram hipócritas e, se odiando eternamente, viveram juntos por “pressões sociais”. Às vezes essa verdade que não se conta é, no fundo, apenas uma mentira. Ou seja, a pressão social contou menos do que imaginamos. O grande filósofo alemão, Heidegger, que inclusive chegou por um momento a ter simpatias com o nazismo, viveu uma paixão com uma aluna bem mais jovem, a judia Hanna Arendt que, depois, se tornou também uma filósofa famosa. Heidegger nunca se divorciou. Depois, já sem os encontros com Arendt, ele manteve outros casos extraconjugais com alunas, cada vez mais distantes de sua idade. Sua mulher sempre esteve ali, ciente, consciente, vigilante e compreensiva. Sim, compreensiva, mas dona da situação. Arendt a odiou a vida toda. Todavia, sabe-se que a mulher de Heidegger confessou a ele que amou o médico do casal. As cartas mostram que Heidegger soube disso, inclusive soube (ou sempre soube) que um de seus filhos era, em verdade, filho do médico. Heidegger nunca deixou de amar o filho e jamais se separou da mulher. Eles tinham todo um conjunto de segredos de polichinelo para compartilhar. Olhando de fora, pode-se dizer: o grande filósofo nunca foi nada além de um babaca. Não teve coragem de deixar a família para viver o grande amor com a deliciosa e inteligente judia. Mas, será esta a verdade? Ou, a quatro paredes, este casal, o filósofo e sua esposa, não tiveram uma vida sexual das melhores, um amor aparentemente burguês e, no fundo, além do amor burguês? Caso tenha sido isto, talvez o mecanismo sado-masoquista, a que aludi acima, tenha estado presente na cama deles, segurando eternamente o casamento. Nunca saberemos a verdade. Por isso mesmo, a história é boa. E dá o que pensar.

A situação do adultério é evitável. Muitos que se sabem poligâmicos podem optar pela monogamia. Os que não se tomam como poligâmicos têm mais dificuldade em serem monogâmicos por opção. Mas, como já disse, não é esta a questão aqui. A questão aqui era só a de descrever a situação de adultério. Ou seja, o que queria era poder dizer: o que ocorre no adultério é isso – e foi o que eu disse. Ou quase, porque o que falei está longe de ser um padrão. Vamos continuar acreditando que não nos comportamos de modo padronizado e, assim, cada um que vier a ler este meu texto poderá, ainda, conversar comigo e dizer “Ah, Paulo, o que falou, não tem nada a ver – ao menos comigo”. Ou seja, poderá ainda conversar comigo.

Paulo Ghiraldelli Jr é filósofo e escritor e está lançando entre dezembro de 2009 e janeiro de 2010 dois áudio books, “O que é marxismo?” e “Nietzsche apaixonado” (Universidade Falada) e um livro A aventura da filosofia (Manole)

O download de livros, músicas e filmes não é crime no Brasil

Hoje lendo o radinho, me deparei com a indicação de um texto muito bacana que o Manoel Almeida escreveu para o site Consultor Jurídico, ligado ao Estadão.

Levantando a velha questão sobre pirataria no Brasil, o texto esclarece que, desde que a pessoa não obtenha lucro direto ou indireto com o ato, o download de livros, músicas e filmes regidos por qualquer tipo de direito autoral, ainda, não é crime no Brasil. O download é legal e não transforma a pessoa em um criminoso, uma tecla que certas associações insistem em bater.

O que existe é a manipulação dos artigos do Código Penal Brasileiro atribuindo a indústria do entretenimento, bases legais “sólidas” para caluniar a população que freqüenta os cinemas, compra um DVD ou assiste a um programa qualquer de TV.

Vou citar alguns trechos mais interessantes, mas o artigo Tabu pirata vale ser lido na íntegra.

[...]

São comuns assertivas do tipo “é proibida a reprodução parcial ou integral desta obra”, “este material não pode ser publicado, transmitido, reescrito ou redistribuído”, “pirataria é crime”, “denuncie a falsificação”. É proibido, ainda, “editar”, “adicionar”, “reduzir”, “exibir ou difundir publicamente”, “emitir ou transmitir por radiodifusão, internet, televisão a cabo, ou qualquer outro meio de comunicação já existente, ou que venha a ser criado”, bem como, “trocar”, “emprestar” etc., sempre “conforme o artigo 184 do Código Penal Brasileiro”.

Não é esta, todavia, a verdadeira redação do artigo. Omitem a expressão “com intuito de lucro”, enfatizada pelo legislador em todos os parágrafos (grifou-se):

§ 1o Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de lucro direto ou indireto, por qualquer meio ou processo, de obra intelectual, interpretação, execução ou fonograma, sem autorização expressa do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor, conforme o caso, ou de quem os represente: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

§ 2o Na mesma pena do § 1o incorre quem, com o intuito de lucro direto ou indireto, distribui, vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem em depósito, original ou cópia de obra intelectual ou fonograma reproduzido com violação do direito de autor, do direito de artista intérprete ou executante ou do direito do produtor de fonograma, ou, ainda, aluga original ou cópia de obra intelectual ou fonograma, sem a expressa autorização dos titulares dos direitos ou de quem os represente.

§ 3o Se a violação consistir no oferecimento ao público, mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para recebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda, com intuito de lucro, direto ou indireto, sem autorização expressa, conforme o caso, do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor de fonograma, ou de quem os represente: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

§ 4o O disposto nos §§ 1o, 2o e 3o não se aplica quando se tratar de exceção ou limitação ao direito de autor ou os que lhe são conexos, em conformidade com o previsto na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, nem a cópia de obra intelectual ou fonograma, em um só exemplar, para uso privado do copista, sem intuito de lucro direto ou indireto.

Tanto o objeto da lei é “o intuito de lucro”, e não simplesmente a cópia não autorizada, que CDs, VCDs, DVDs ou VHSs mesmo originais não poderão ser exibidos ao público sem autorização expressa do titular do direito.

[...]

Contrario sensu, é permitida a cópia integral de obra intelectual, sem autorização do detentor do direito autoral, desde que não se vise lucro, seja direto, seja indireto, mas é proibida a cópia não autorizada, mesmo parcial, para fins lucrativos. Assim, não comete crime o indivíduo que compra discos e fitas “piratas”, ou faz cópia para uso próprio; ao passo que se o locador o fizer poderão configurar-se violação de direito autoral e concorrência desleal.

[...]

As campanhas anti-pirataria são cada vez mais intensas e agressivas e os meios de comunicação (muitos dos quais pertencentes aos mesmos grupos que detêm o monopólio sobre o comércio e distribuição de músicas e filmes) cumprem seu papel diário de manter a opinião pública desinformada.

Nenhum trecho de livro poderá ser reproduzido, transmitido ou arquivado em qualquer sistema ou banco de dados, sejam quais forem os meios empregados (eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros), salvo permissão por escrito, apregoam a Associação Brasileira de Direitos Reprográficos (ABDR) e as editoras. De fato, na quase totalidade das obras impressas, o leitor depara-se com avisos desse tipo:

Todos os direitos reservados, incluindo os de reprodução no todo ou em parte sob qualquer forma. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios sem permissão escrita da Editora.

Novamente, não é o que a legislação estabelece. O artigo 46 da Lei dos Direitos Autorais impõe limites ao direito de autor e permite a reprodução, de pequenos trechos, sem consentimento prévio. E o parágrafo quarto, acrescentado pela Lei n° 10.695 ao artigo 184 do Código Penal Brasileiro, autoriza expressamente a cópia integral de obras intelectuais, ficando dispensada, pois, a “expressa autorização do titular”:

Não constitui crime “quando se tratar de exceção ou limitação ao direito de autor ou os que lhe são conexos” nem “a cópia em um só exemplar, para uso privado do copista, sem intuito de lucro direto ou indireto”.

[...]

O ápice, até o momento, dessa verdadeira Cruzada antipirataria foi atingido com a campanha mundial da Associação de Defesa da Propriedade Intelectual (Adepi) divulgada maciçamente nas salas de cinema, fitas e DVDs (inclusive “piratas”). Embalado por uma trilha sonora agitada, o video clip intercala diversas cenas de furto com as seguintes legendas: “Você não roubaria um carro”. “Você não roubaria uma bolsa”. “Você não roubaria um celular”. Sempre inquieta, a câmera flagra diversos furtos simulados, finalizando com atores furtando uma locadora e comprando filmes de um camelô, imagens que antecedem a acintosa pergunta: “Por que você roubaria um filme?”. O silogismo é barato e a conclusão, estapafúrdia: “Comprar filme pirata é roubar. Roubar é crime. Pirataria é crime!”.

Repita-se: comprar filme pirata é conduta atípica. E mesmo se fosse crime, não seria “roubo”. As cenas da própria campanha, conforme dito, são simulações pífias de furtos, não de roubos. Na definição do Código Penal Brasileiro, em seu artigo 157, roubar é subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça, violência ou outro meio que reduza a possibilidade de resistência da vítima.[4]

A premissa “comprar filme pirata é roubar” é despida de qualquer sentido e de fundamentação legal, tratando-se de propaganda falsa, caluniosa e abusiva, sujeita a sanções do Conar[5] e persecução criminal. Veja-se os arts. 138 e 37 do Código Penal e do Código de Proteção e Defesa do Consumidor, respectivamente:

Calúnia: Art. 138 – Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: pena – detenção, de seis meses a dois anos, e multa. § 1º – Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.

[...]

O compartilhamento de arquivos entre internautas, sem fins lucrativos, ainda não é crime no Brasil, mas pode vir a se tornar, dados o poderoso lobby e as pressões políticas e econômicas internacionais, principalmente dos EUA e Reino Unido, onde usuários já são julgados por downloads não autorizados.

No Brasil, anualmente, a pirataria causaria prejuízo aos cofres públicos na ordem de R$ 160 bilhões[8], e a União dos Fiscais da Receita (Unafisco) calcula que o fim da pirataria representaria a criação de até 2 milhões de empregos no país. Não se sabe a metodologia adotada e que permitiu chegar-se a esses resultados. Afinal, a base de cálculo é o que o comércio ilegal arrecada ou o preço do produto original cuja venda teria sido prejudicada? Ora, o simples fato de um comprador optar por um produto inferior não significa que ele pagaria dez vezes mais pela marca original, caso não tivesse opção. Portanto, o que os piratas lucram não é necessariamente o que a indústria perde. Os respectivos públicos são de classes bem distintas.

Mas se depender de entidades como a Adepi, em breve o desavisado que exercer sua liberdade de escolher um produto acessível poderá ser preso em flagrante, acusado de receptação, simplesmente por usar a imitação de alguma grife famosa ou por vestir a réplica da camisa oficial de seu clube preferido.

Mas em que pesem as falsificações de ambas as partes, é inegável a necessidade de tutela dos direitos autorais. São evidentes, entre outros, tanto o dano causado pela usurpação de um nome em cópias de má qualidade quanto o que sofre o autor cuja obra é fielmente reproduzida, mas sem que lhe seja dado o devido crédito

Fonte: Blog Palmereinse Falador

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Uma questão de auto-confiança

Desarrumada e mal vestida, a menina negra, magra pela fome e não pela anorexia, desceu o morro carioca para tentar a sorte no programa de calouros de Ary Barroso. Era o momento áureo do rádio que, dos anos de 1930 a 1950, revelou grandes nomes da MPB.
Na fila de inscrições estavam lindas jovens bem vestidas e a menina favelada olhava para elas sem qualquer medo. Tinha apenas treze anos e já era mãe. Seu bebê estava doente e ela precisava fazer algo para conseguir algum dinheiro. No corredor, os calouros aguardavam o chamado e em seguida entravam trêmulos.
- Elza Gomes da Conceição, sua vez!
Após ouvir seu nome, a menina cruzou a porta do estúdio. Cerca de mil pessoas a aguardavam. O programa era o maior sucesso na época e no palco estava o grande Ary Barroso, autor de "Aquarela do Brasil", pois ele próprio acompanhava os calouros ao piano. Ao ver a menina com no máximo 35 quilos, subindo ao palco completamente desengonçada, usando uma roupa emprestada e ajustada com alfinetes para conter as sobras de pano, duas marias-chiquinhas, a platéia explodiu na risada. O apresentador do programa arrumou os óculos e disse, friamente:
- Aproxime-se.
Ela ignorou as gargalhadas e foi até ele.
- O que você veio fazer aqui? - perguntou intrigado.
- Ué, eu vim cantar. - disse ela com o ar mais inocente desse mundo.
- Mas quem disse a você que você canta?
- Eu! - falou com voz firme.
- Diga-me uma coisa: de que planeta você veio? - questionou de forma ácida.
Ela respirou fundo e lhe respondeu:
- Eu vim do planeta-fome, seu Ary. Do mesmo planeta de onde o senhor veio.
Nesse momento o auditório se calou. Ali estava uma adolescente cheia de bravura, desafiando o grande ícone da música brasileira, lembrando que ele próprio também tivera um berço pobre e que havia passado por dificuldades acerbas como as que ela no momento passava. S
Silencioso, Ary apontou para ela o microfone e deslizou seus dedos no teclado em seguida. A menina então começou a cantar com a voz afinada e ao mesmo tempo arranhada, rouca, única, apresentando efeitos que ninguém jamais tinha ouvido.
No final, o mesmo público que riu tanto dela em sua chegada vibrou de emoção e encheu o estúdio de palmas. Ela as recebeu chorando, abraçada com Ary que, igualmente muito emocionado, disse:
- Senhoras e senhores, nesse exato momento, acaba de nascer uma estrela.
Elza Soares, em seu livro "Cantando para não Enlouquecer", narra sua história repleta de momentos de superação como esse.
Podemos nos perguntar: o que faz alguém como ela chegar à vitória, vencendo obstáculos tidos com intransponíveis, atravessando oceanos de dificuldades? O que move uma alma na direção da excelência em qualquer área, fazendo com que até mesmo os maiores problemas se transformem numa espécie de combustível para vôos mais altos? O que produz essa certeza de que não há porque recuar e que vale seguir adiante? Resposta: Auto-confiança.
Ter convicção do nosso próprio potencial e sentir que é possível fazer algo valioso, com aquilo que já guardamos em nosso interior, é uma espécie de elemento mágico que promove a química do sucesso.
Pessoas que não acreditam em si mesmas acabam não deixando aflorar o imenso poder que já possuem. Mas aqueles que têm convicção das suas habilidades e talentos e que, por outro lado, também são capazes de reconhecer seus pontos fracos, se colocam no caminho do crescimento. Ter auto-conhecimento para perceber aquilo que podemos melhorar não significa sentir-se pequeno, fraco, mas representa poder de percepção para melhorar continuamente.
Portanto, se confiamos em nós mesmos podemos ver, com tranqüilidade, aquilo que nos falta, ao mesmo tempo em que notamos aquilo que já possuímos de bom. Esse duplo foco nos desperta uma grande energia na busca dos nossos propósitos.
Como dizia Henry Ford: "Se você acredita que pode ou se você acredita que não pode, de qualquer jeito estará certo". Estou convicto de que a história de Elza Soares, essa fantástica cantora da nossa terra, pode ser inspiradora para você. Ela nos lembra o quanto podemos fazer diferença no mundo quando, diante das dificuldades, respiramos fundo, acessamos recursos latentes e seguimos firmemente na direção dos nossos sonhos.
Vou dizer algo para você e espero que lembre sempre disso. Duas palavras bem simples, mas que expõe a minha crença de que você tem grande força interior, bem como o meu desejo de que mostre ao mundo seu potencial.
As palavras são: Você pode!

(Autoria: Kau Mascarenhas)

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

As Prisões: Ressentimento

O Controle de Si
Nunca deixa de me espantar como a maioria das pessoas facilmente delega à outras o controle sobre sua vida. Não temos controle sobre como a vida nos afeta mas podemos controlar sim nossa reação à esses estímulos.

Vejo amigos que se magoam com ofensas, imaginárias ou não, e depois curtem carregar esse peso por toda a vida, mascam rancores como outros mascavam tabaco, mas não cospem no chão.

Fazer isso é delegar um poder que só deve pertencer a si próprios. Deixar que terceiros influenciem seus nervos ou ditem suas emoções é uma das piores - e mais comuns - formas de abdicar de sua liberdade.
O Mendigo Bêbado
A Internet é uma grande terra de ninguém. Fala-se o que quer, ouve-se o que não quer. Muitos blogueiros, para evitar a segunda parte, fazem blogs sem comentários. Outros vivem uma relação de amor e ódio com seus comentários, tiram, recolocam, apagam, editam.

Por quê? Será que realmente se incomodam com críticas idiotas vindas de completos estranhos?

Imagine que você vai andando pela rua e um mendigo bêbado grita "Lá vai o corno!". Você:

a) Pára, se apalpa, procura um espelho, fica preocupado: "Meu deus, corno, eu? O que será que esse mendigo viu em mim pra dizer isso? O que será que ele sabe? Onde andará a patroa a essa hora?"

b) Caga solenemente e continua andando.

Para eu me irritar ou me decepcionar com algo que alguém fala eu preciso antes conhecer e respeitar minimamente aquela pessoa, preciso ter algum tipo de expectativa em relação a ela. Senão, vai entrar por aqui e sair por ali.

Muita gente vem falar comigo cheia de dedos, com críticas sobre minha filosofia, sobre meu livro, sobre o modo como levo minha vida. E só a boa educação me impede de tranqüilizá-las com as seguintes palavras: pode falar o que quiser, meu filho, não vai fazer nenhuma diferença, eu não te conheço, não me importo com o que pensa. Você simplesmente não tem como me ofender, magoar ou chatear.

Alguns leitores, entretanto, tomam isso como sua missão na vida. Não sei bem o que se passa na cabeça deles. Devem me achar um provocador. Devem achar que um provocador merece ser provocado. Quando não respondo, eles me mandam emails vitoriosos, exultantes, orgiásticos: "Consegui te irritar, não? Fugiu da raia!"

Acho que pensam que me irritaram porque sabe que o mesmo procedimento irritaria outros, esses tantos blogueiros que acabam extinguindo ou fechando seus comentários por falta de saco com os malas. Mas como fazê-los entender que, pra mim, são menos que o mendigo bêbado da rua? Que quando vêm falar comigo, eu não considero racionalmente o mérito do que estã falando, nem me irrito ou me ofendo, mas digo pra mim mesmo "Mais um chato", fecho a janela entediado e vou embora?

Naturalmente, não respondi o email de provocação.
Letrinhas Só Machucam os Amadores
Eu levo uma vida aberta e acabo dando muita liberdade às pessoas de se meterem em meus assuntos. Regularmente, senta alguém comigo, em público ou em privado, e se arroga o direito de dizer como eu devo levar minha vida. Algumas vezes, estão cobertos de razão, em outras, descobertos de tão errados. Eu escuto, placidamente, e até agradeço a preocupação.

Depois, invariavelmente, senta um outro amigo no lugar do primeiro e diz (sem perceber estar fazendo a mesma coisa!): mas como é que você deixa alguém interferir assim na sua vida?

No começo, eu nem entendia a pergunta: como assim? Quem interferiu na minha vida?

E o amigo: ué, o fulano não acabou de ficar aqui duas horas cagando regra, dizendo o que você deve e não deve fazer, criticando todos os seus hábitos, metendo o pau nas escolhas que você fez, etc?

Eu rio. Acho que as pessoas dão muito valor à palavra. Sou escritor, redator, jornalista, humorista, tradutor, revisor. Trabalho com as palavras todo dia. Sei exatamente o valor que elas têm: zero.

Se não for calúnia, difamação ou injúria, qualquer um pode falar o que quiser de mim. Não me importo. Sempre fui pessoa pública, desde os tempos de escola. Daqui a pouco vou publicar um romance, e depois, outro. Podem falar à vontade: é divulgação.

Falar é fácil. Palavras não custam nada. Letrinhas só machucam os amadores, e eu já sou calejado.

Interferir na minha vida é FAZER alguma coisa.
Só Defendo Minhas Idéias de Quem Quiser Me Impedir de Praticá-las
Minhas idéias ditas polêmicas não estão aqui para chocar os pudicos ou para ser discutidas pelos empolgados. Elas são o meu projeto de vida, minha jornada interior de desbravamento, uma aventura absolutamente pessoal, em busca de maior felicidade e liberdade, em busca do melhor modo possível de viver minha própria vida.

Minha postura engana. As pessoas me vêem defendendo idéias polêmicas e acham que sou um debatedor nato. Querem discutir, convencer, argumentar. Mas o próprio verbo que usam é falacioso: não estou defendendo idéias, estou afirmando idéias. Meus posts já esgotam tudo o que tenho a dizer. Não faço réplicas ou tréplicas. Não debato, nunca.

Defendo minha filosofia só de quem quiser me impedir de praticá-la.
História de um Verme
Eu e minha primeira-esposa vivemos um casamento aberto durante três anos. Mais ou menos no meio do caminho, ela conheceu um cara que, por motivos inexplicáveis, a deixou balançada. Eles ataram e desataram uma ligação amorosa várias vezes e, por fim, a relação deles acabou sendo foi um dos muitos fatores que levou o meu casamento ao fim.

Tenho cá, no meu computador, algumas fotos altamente comprometedoras do dito cujo. Muitas vezes, durante a etapa final do meu casamento e logo após a separação, considerei seriamente mandar as fotos para seus amigos, parentes e para os diretores da caretíssima multinacional onde trabalha. Teria sido bonito.

Mas coitado. O homem é um verme. Mesmo depois de velho e ganhando bem, continua morando na casa dos pais, uma tradicional família judaica, e é obrigado a namorar meninas gentias (como minha esposa) em segredo, ou senão seus pais cortariam sua boa-vida. Ele gostaria de encerrar essa relação de dependência mas, como todos os vermes que conheci na vida, simplesmente não tem forças. E eu penso: esse invertebrado não precisa de mim pra fuder sua vida.

Alguns amigos julgaram que, realmente, enviar as fotos teria sido golpe baixo mas que eu deveria, pelo menos, tê-lo ameaçado com isso, para fazê-lo se afastar da minha mulher. Do jeito que ele é fraco e covarde, com certeza teria abdicado de qualquer coisa pra que papá e mamã não descobrissem as coisas horríveis que andava fazendo.

Não entenderam a essência de um casamento aberto. Minha esposa tinha o direito de fazer o que bem entendesse. Essa era a premissa do nosso casamento. Não quero uma mulher que fique comigo forçada, ou porque chantageei seu molusco. Naturalmente, eu também tenho o direito de não querer mais estar com ela, por quaisquer outras razões que não vêm ao caso aqui.

(Uma nota importante: calhou de o besouro ser judeu mas, antes que me acusem de anti-semita, gostaria de deixar claro que isso é um mero detalhe. O povo judeu me proporcionou o meu livro preferido, alguns dos meus melhores amigos e muitos dos maiores gênios da humanidade. O fato do estrupício ser judeu é apenas uma fatalidade demográfica.)

Se eu enviasse as fotos, seria por vingança, um dos sentimento mais aprisionantes que posso imaginar.

Realisticamente, eu até sou capaz de tomar medidas extremas, seja para me defender de um perigo, para prevenir que algum inimigo me ameace no futuro ou até mesmo, egoisticamente, para remover alguém que esteja no meu caminho. Já fiz algumas coisas de que não me orgulho. Mas sempre fui pragmático.

Analisada de perto, a vingança não tem serventia alguma.

De que me adiantaria fuder com a vida do paramécio? Me faria sentir melhor? Faria o meu casamento voltar ao que era? Colocaria algum dinheiro no meu bolso? Nada.

Pior: a vingança sempre pode gerar um círculo infinito de vingança. Até porquinhos-da-índia ficam perigosos quando acuados.

Através de sua longa relação com minha primeira-esposa, ele também deve ter lá o seu estoque de informações comprometedoras sobre mim. Nada que me importe. Sou artista, estou cultivando cuidadosamente minha fama de excêntrico, qualquer escândalo me traria apenas publicidade gratuita.

Mas por quê arriscar arroubos de violência? Sabe-se lá até onde iriam os efeitos catastróficos das fotos. Dado o que conheço da empresa e dos seus pais, era bem capaz do insetinho ser demitido e expulso de casa. Sem nada mais para fazer, quem se tornaria o algo de suas atenções? Eu. Seja pra vir aqui em casa me dar um tiro, ou simplesmente ficar rogando pragas silenciosas, não vale a pena criar um inimigo eterno em trocar de uma satisfação efêmera.

Além do mais, é forçoso admitir. Apesar de ter a fibra de um espumoni, o animal nunca fez nada de errado ou desonesto comigo. Pelo contrário, ele jogou o jogo de acordo com as regras que eu estabeleci. E nunca nem se ofereceu para morar ou casar com a primeira-esposa - justamente porque seus pais jamais teriam permitido e ele não tinha a menor capacidade de dizer nem "oy, oy" na frente deles, ou mesmo de imaginar uma vida sem a mesada do pai e as camisas passadas pela mãe.

Se meu casamento acabou, não foi pela primeira-esposa ter desenvolvido uma inexplicável afeição pelo quadrúpede. Tanto ela quanto eu desenvolvemos afeições por terceiros e quartos ao longo do nosso casamento aberto. O casamento acabou porque nosso amor um pelo outro minguou - um processo impossível de, com consciência limpa, atribuir à terceiros.

Tenho as fotos aqui. São um teste moral pra mim. De vez em quando, olho pra elas. Imagino um sisudo escritório na Europa e todos os funcionários recebendo cópias das fotos simultaneamente e rindo, até um deles lembrar: esse não é aquele cara da filial do Brasil?

Mas sou melhor que isso. Confirmo minha superioridade moral e guardo o CD de novo em lugar secreto.

Deixa o verme viver e ser feliz.
A Importância da Falta de Memória
As pessoas me elogiam por muitas coisas, mas nunca ninguém me elogiou pelo que talvez seja minha melhor qualidade: eu tenho péssima memória.

Como deve ser pesada a vida das pessoas que lembram tudo. Ninguém está a altura de alguém que lembra em tudo. Em algum momento, você deve ter pisado na bola, falado uma palavra atravessada... e a pessoa lembra. Não importa se existem dez anos de memórias boas para contrabalançar: aquela pequena vacilada flutua acima de todas as outras.

Muitas mulheres são assim. Como suportam suas vidas? Não é à toa que, a partir de uma certa idade, a maioria das mulheres torna-se muito mais amarga e ressentida do que os homens. Sábias aquelas mulheres que sabem relevar o negativo.

Quando morre alguém que amamos, a dor parece não ter fim. E pensamos: fulano morreu hoje. Amanhã, terá morrido ontem. Ano que vem, no ano anterior. A cada dia que passa, sua vida e sua experiência, nossas memórias e nosso amor, tudo ficará mais distante e mais embaçado. Um dia, eu vou perceber que não penso nele há uma semana. Outro dia, ele já terá sido esquecido. E a vida prosseguirá, como se nunca houvesse existido. Essa dura constatação só faz piorar a sensação de perda.

Por outro lado, se continuássemos sentindo indefinidamente aquela dor que sentimos na hora da morte, a vida tornaria-se inviável. Pais que perdem filhos às vezes caem em traumas assim. A memória domina o presente e devora-o.

Borges conta a história de Funes, o Memorioso, um homem cuja memória era tão prodigiosa que ele mal funcionava como ser humano.

Pra começar, Funes não conseguia apreender os nomes dos objetos. Ele via dois cachorros diferentes e, como lembrava de cada detalhe de cada animal, era incapaz de enquadrar dois objetos tão diferentes debaixo de uma só nomenclatura. Na verdade, para ele, até mesmo o cachorro das 15:03hs, voltado levemente para a esquerda, era tão diferente do cachorro das 15:04hs, voltado para frente, que não poderiam ser o mesmo objeto.

Funes conseguia lembrar de um dia inteiro do passado, qualquer dia que ele quisesse, em todos os seus mínimos detalhes. Mas, para isso, ele precisava de outro dia inteiro.

Não há melhor metáfora do alto preço que a memória nos cobra. Puxar um dia do passado nos custa um dia no presente. O paradoxo da vida, disse um dinamarquês maluco, é que ela só pode ser entendida pra trás, mas só pode ser vivida pra frente. É uma questão de definir nossas prioridades.


Eu lembro de muito pouca coisa da minha vida. Minha infância é uma tábula rasa. Da adolescência, não resta quase nada. Freqüentemente, eu me maravilho com coisas que já deveria estar cansado de conhecer. Não troco minha capacidade de maravilhar por todas as memórias do mundo.

E só lembro de coisas boas. Traumas, insultos, medos, ódios, eu os não os tive ou não os lembro - o que, afinal, dá no mesmo.

Nem sempre esse dom é benéfico.
A Cruel Capacidade de Lembrar Tudo
Poucos meses após minha separação, já haviam desaparecido da minha consciência todos os maus momentos que destruíram meu casamento.

Racionalmente, eu entendia que a opção pela separação tinha sido acertada. Mas, emocionalmente falando, os maus momentos não estavam mais lá. Eu já não conseguia acessar a tristeza e a frustração que senti ao vivê-los. Sabia que tinham ocorrido e só. À seco.

Os grandes momentos, entretanto, continuavam vivos pra mim, pulsantes de luz e felicidade.

Minhas emoções jogaram baixo, tentaram me derrubar. Esfregavam um dia perfeito na minha cara e diziam: tem certeza que quer se separar da mulher com quem viveu isso, e isso, e mais isso? Olha lá, hein?

E eu rebatia: e os maus momentos? E aquilo e mais aquilo que aconteceu?

Ah, isso eu não lembro não, respondia meu coração.

Era um diálogo difícil.

Foi a única vez na minha vida que desejei ter essa capacidade cruel de lembrar e catalogar todos os meus ódios, raivas, tristezas e frustrações. Mas não consigo: eles todos escoam pelo ralo da memória, sem critério, sem choro.

Depois, passou.
Fantasmas de Felicidades Passadas
A felicidade passada também pode ser um fantasma atormentador. Leia mais sobre isso, em um ensaio que será posteriormente acrescentado à Prisão Felicidade, a última da série.
A Função do Perdão
Todos os nossos instintos animais nos ensinam a proteger os nossos (nossa família, nossa tribo) e a temer tudo o que nos é estranho.

Quando eu vi uma pessoa negra pela primeira vez, ainda criança de colo, eu gritei, apavorado. Nada mais natural do que uma criança branca, que nasceu e cresceu entre brancos, ainda puro instinto, tenha medo de um ser todo preto. Inaceitável seria que eu ainda estivesse assim 30 anos depois.

A maioria dos meus leitores (ou assim espero) consideraria preconceito e arrogância se julgar superior aos angolanos somente porque eles vivem em um país mais fraco, mais pobre e sem destaque algum no cenário mundial.

Mas esses mesmos leitores vivem acorrentados em uma prisão de ódio, ressentimento e inveja contra os americanos.

Desprezar o mais fraco por ser mais fraco é a mesma prisão que odiar o mais forte por ser mais forte.

Naturalmente, não estou falando só de patriotismo. A maioria de nós vive acorrentado em uma prisão de ódios, ressentimentos, invejas e desprezos pelas pessoas que nos cercam.

Dizia um moço bigodudo, que falava com cavalos, que você olha no abismo e o abismo olha em você. Acabamos nos tornando o que odiamos. Por causa disso, um outro moço, esse barbudo, recomendava dar a outra face e perdoar quem lhe ofendesse. Aproveitem bem esse parágrafo, pois ambos raramente são citados juntos. Aliás, eu às vezes acho que dou mais valor aos ensinamentos do barbudo do que muita gente que come seu corpo e bebe seu sangue.

Devemos perdoar quem nos ofendeu não pra ser bonzinhos, ou para ir pro céu, mas para nos libertar da ofensa. A ofensa não perdoada é cancerígena. Ela fica purgando dentro de nós, até se tornar fatal. A injúria passada, o xingamento engolido acaba nos definindo: nós nos tornamos o insulto recebido.

O objetivo do perdão não é premiar o perdoado, mas libertar o perdoador.

Dêem a César o que é de César e não olhem pra trás. Ofereçam a outra face e não se fala mais nisso. Estejam acima das pequenas coisas da vida.

Sejam grandes!

Fonte:http://www.sobresites.com/alexcastro/prisoes/ressentimento.htm

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Infectou, vai para a cadeia

Seguindo tendência mundial, a Justiça brasileira começa a punir pessoas que, sabedoras de que estavam infectadas, transmitiram o vírus da aids a seus parceiros

A aids deixou de ser apenas uma questão de saúde pública e chegou ao âmbito do direito penal. Vem aumentando o número de países que punem com cadeia a pessoa que, sabendo-se portadora do vírus HIV, não alerta o parceiro para o risco de infecção e o contamina. O Brasil já faz parte dessa lista. Os métodos de prevenção contra a aids são tão difundidos que alguns juízes, apesar da inexistência de uma legislação específica sobre o tema, interpretam como crime essa situação. Foi o que aconteceu no caso do paulista José Luis Correa de Moura, que infectou a amante. Julgado pela primeira vez em 2004, Moura foi condenado a oito anos de prisão por tentativa de homicídio. O raciocínio jurídico foi que, ao ter relações sexuais sem proteção com a parceira, ele sabia que podia matá-la. Após novo julgamento, o crime foi alterado no mês passado para lesão corporal gravíssima, com a possibilidade de o réu cumprir a pena em regime aberto. O argumento que prevaleceu dessa vez foi que, como a aids é uma doença incurável, mas nem sempre letal, o contágio deve ser considerado um prejuízo à saúde, e não um risco de vida. A defesa de Jayr Galhardo Júnior, de Cosmópolis, no interior de São Paulo, preso por ter contaminado duas namoradas, quer que ele seja julgado pelo crime, mais brando, de perigo de contágio de moléstia grave.

A Justiça brasileira segue uma tendência mundial. Trinta e cinco países já condenaram cidadãos por transmitir o vírus da aids. Um dos casos de maior repercussão foi a prisão, em abril passado, da cantora alemã Nadja Benaissa, do grupo musical No Angels, sob a acusação de ela ter feito sexo com três homens sem informar-lhes que era portadora do HIV e de ter infectado um deles. Nadja aguarda o julgamento em liberdade. Ela pode pegar até dez anos de cadeia. De acordo com o último relatório divulgado pela Unaids, o programa das Nações Unidas para a aids, havia no ano passado 33,4 milhões de portadores do HIV no mundo, 15% mais do que em 2001. Esse número inclui tanto pessoas que já convivem há muitos anos com o vírus quanto as que foram contaminadas recentemente. O grupo dos recém-contaminados diminuiu em 2008 - sinal de que a epidemia avança, mas a um ritmo mais lento. Os dados brasileiros são menos animadores. Segundo um estudo divulgado pelo Ministério da Saúde, o número de novas contaminações a cada ano não caiu. Uma possível explicação para isso é que as campanhas de prevenção não estão conseguindo reduzir o avanço da doença. Não é por falta de abrangência. Somente 3% dos brasileiros entre 15 e 64 anos desconhecem a informação de que o HIV pode ser transmitido por intermédio de relações sexuais.

Autor: Laura Diniz
Fonte: Veja

Alcoolismo x Terapia Nutricional

Dificilmente, pessoas que abusam ou são dependentes alcoólicos conseguem manter um bom padrão nutricional

Beber socialmente é um argumento que diz pouco a cerca do consumo do álcool de uma pessoa. De acordo com o Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo – GREA – cerca de 15% da população brasileira consome álcool de maneira abusiva. “Descrever os volumes alcoólicos toleráveis ou de risco tem pouca importância na prática clínica, uma vez que as conseqüências deletérias do uso do álcool ocorrem também em pessoas que ingerem quantidades bem inferiores àquelas que indicam abuso ou dependência”, afirma a médica nutróloga Ellen Paiva, diretora do Citen, Centro Integrado de Terapia Nutricional.

Algumas pessoas já colocam a saúde em risco, ingerindo volumes alcoólicos considerados pequenos, como quatro doses para um homem, e três para uma mulher, em uma única ocasião. Outras pessoas toleram grandes volumes de bebida alcoólica, sendo mais susceptíveis ao abuso e à dependência. “Muito ou pouco, os estudos epidemiológicos indicam que as seqüelas do alcoolismo representam a quinta causa mais freqüente de doenças no mundo”, observa a médica.

Os efeitos deletérios do consumo crônico do álcool são bem conhecidos, mas mesmo assim, episódios agudos de intoxicação alcoólica são emergências médicas comuns nos prontos socorros. “Altos níveis de álcool no sangue podem deprimir o Sistema Nervoso Central e causar perda da consciência, baixa da pressão arterial e da temperatura corporal, baixa dos níveis de açúcar no sangue, depressão respiratória, coma e morte”, enumera Ellen Paiva.

Cronicamente, o álcool pode causar várias doenças e incapacitações, que abrangem doenças do trato gastrintestinal - esofagites, gastrites, doença do refluxo gastro-esofágico, hepatite e cirrose hepática - doenças cardiovasculares – geralmente, desencadeadas pela hipertensão arterial e pela elevação do colesterol induzidos pelo álcool - osteoporose e vários tipos de câncer. “Nesse contexto, a desnutrição é uma característica comum a todos elas, agravando, ou, na maioria das vezes, sendo o fator patológico causal das várias doenças relacionadas ao uso crônico do álcool”, diz a médica nutróloga.

Principais carências nutricionais relacionadas ao alcoolismo

Dificilmente, pessoas que abusam ou são dependentes alcoólicos conseguem manter um bom padrão nutricional. “A desnutrição relacionada ao abuso do álcool ocorre por várias causas: ingestão insuficiente de alimentos, dificuldade de absorver os alimentos ingeridos, perda de proteínas pelo intestino e redução da síntese de proteínas pelo fígado. Dentre todas essas alterações, as dificuldades na ingestão adequada de alimentos é um dos mais importantes fatores que levam à desnutrição”, explica Ellen Paiva.

Nesses pacientes, a presença de etanol no organismo está relacionada à falta de apetite e isso ocorre por vários motivos. Um deles é o fato de que o álcool não é apenas uma substância psicotrópica, é também fonte calórica – 1g de álcool fornece 7 calorias – chegando a suprir, em grandes ingestões, 50% das necessidades calóricas diárias, sem nenhum traço de nutrientes em sua formulação. Além disso, as queixas de falta de apetite e náuseas ocorrem, respectivamente, em 87% e 55% desses pacientes. “Algumas deficiências nutricionais são particularmente preocupantes no paciente que abusa do álcool: a desnutrição protéica, as deficiências de vitaminas A, C, D e do complexo B, magnésio e zinco”, diz a médica.

A desnutrição protéica é uma característica importante do consumo crônico e inadequado do álcool. Na maioria das vezes, há perda de peso, com redução da massa muscular, alterações de pele e cabelos que sugerem redução do aporte protéico. “Esses efeitos, assim como os demais déficits nutricionais relacionados ao alcoolismo, são mais graves, quanto maiores forem os níveis de ingestão do álcool e pior o padrão alimentar. A orientação nutricional para esses pacientes baseia-se em uma dieta balanceada e não há indicação de suplementos protéicos ou dieta com maiores quantidades de proteínas do que as recomendações normais”, explica Ellen Paiva.

Deficiência das vitaminas do Complexo B

(1) Tiamina – sua deficiência é muito comum em alcoolistas e pode causar complicações graves como doença neurológica incapacitante, cardiopatia grave e doença dos nervos periféricos, com formigamentos e dores em queimação, fraqueza das extremidades inferiores e até perda da sensibilidade das pernas. “A tiamina deve ser administrada a todos alcoolistas por várias razões: a sua deficiência é muito comum nesses pacientes, o diagnóstico laboratorial é difícil de ser realizado, a suplementação da vitamina é fácil e segura e, muitas vezes, é preciso reverter a doença neurológica em fase inicial”, diz a nutróloga.

(2) Niacina – a carência dessa vitamina é a responsável pelas lesões de pele e de mucosas tão comuns em alcoolistas. A pele sofre pigmentação e descamação das lesões, principalmente nas áreas expostas ao sol. A deficiência de niacina também pode causar quadros de demência. “A abstinência do álcool e uma alimentação equilibrada são suficientes para a recuperação rápida das manifestações dessa deficiência”, explica a médica.

(3) Ácido Fólico - a deficiência dessa vitamina só aparece nos casos de alto consumo alcoólico e deficiente ingestão do ácido fólico. “A manifestação mais comum é a anemia e o tratamento é feito através de uma dieta rica nesse nutriente”, conta Ellen Paiva.

A deficiência de vitamina A aparentemente é mais acentuada no fígado de alcoolistas crônicos e nesses casos parece não depender da ingestão da mesma. Muitos estudos científicos relacionam esse achado à maior propensão ao câncer de fígado relacionado à cirrose. “Aqui, a terapia nutricional é muito importante, porque apesar da deficiência de vitamina A ser deletéria à saúde do fígado, os suplementos desta vitamina não são tolerados pelo paciente que faz uso de álcool. Este paciente se intoxica com pequenas doses de suplementos de vitamina A. A opção é a administração de alimentos ricos nessa vitamina, como os carotenóides encontrados nas frutas e hortaliças de cor amarelo-alaranjado: cenoura, moranga, abóbora madura, manga e mamão; ou verde escuro: mostarda, couve, agrião e almeirão”, diz a médica nutróloga. Outras fontes de vitamina A são fígado, ovos, leite integral e laticínios como manteiga, creme de leite e queijo. Qualquer tentativa de reposição de vitamina A deve ser feita diante da certeza da abstinência alcóólica.

A deficiência de vitamina C é comum em pacientes alcoolistas, com ou sem doença do fígado. Sua suplementação diária pode ser necessária durante semanas ou meses para restaurar os níveis normais da vitamina.

A deficiência de vitamina D no organismo leva a redução dos níveis de cálcio no esqueleto, osteoporose e maior suscetibilidade às fraturas. “Nesses casos, pode ser indicada a exposição ao sol e uma correção nutricional associada à abstinência do álcool”, conta Ellen Paiva.

A deficiência de minerais como magnésio e zinco tem sido descrita, em alcoólatras, com manifestações de tremores, no caso do magnésio e cegueira noturna referente à falta de zinco. “A reposição vitamínica normalmente é alcançada através de fontes nutricionais, não sendo necessária a suplementação de nenhum deles, com exceção de casos muito graves, pacientes hospitalizados, quando são oferecidos esses minerais em soluções endovenosas”, explica a médica.

De uma maneira geral, a melhor proteção contra os efeitos lesivos do álcool ainda é uma boa nutrição. “Assim, a recomendação geral é a de uma dieta caloricamente adequada e que garanta as recomendações de vitaminas e minerais necessários. Enquanto isso for possível através de uma dieta balanceada, não há motivo para suplementações”, diz a diretora do Citen. Mas, à medida em que se agrava a desnutrição e há impossibilidade de se manter uma ingestão adequada de nutrientes, ou, quando se deterioram os mecanismos de absorção dos alimentos, “há necessidade de usarmos suplementos vitamínicos e, algumas vezes, a nutrição enteral ou parenteral”, afirma Ellen Paiva.
http://www.sissaude.com.br/sissaude/inicial.php?case=2&idnot=4079

Observo que há cerca de 10 anos, eu acho, que nos finais de semana(durante a semana não curto beber, pois, se beber não trabalho, porque será. rs), exagero na bebida, mas, graças a Deus, minha saude é otima, mas, tb é certo que atento-me a uma alimentação saudavel, que faço em casa, nunca com oleo de soja, prefiro oleo de milho, girassol - tendo por acompanhamento, na regra, quatro tipos de verduras que compro na feira(é mais barata e mais fresca), e, além disso, incluo, religiosamente, na alimentação - no meu prato - um dente de alho roxo socado(sem sal) e linhaça. Carne, ave e peixe.. sempre em dias variados. No que se refere a frutas só consigo comer todos os dias banana e mamão. Na regra, não como pão, bolo, bolacha, doces, enlatados, refrigerantes, não compro suco de frutas pronto, só tomo, eventualmente, o natural.

Com isso quero dizer que as pessoas que bebem, nao necessariamente deixam de cuidar de sua alimentação... portanto, se quiser beber todas nos finais de semana - rs -, se alimentem bem que o alcool não afetará a saude. Bom, mas devo confessar que evito bebidas fortes, só na cervejinha ou vinho tinto seco, e com isso estou bem, graças a Deus.

De joelhos ante Sua Insolência

Por Olavo de Carvalho

Pelo noticiário dos últimos dias, os leitores devem ter tomado consciência de que são governados por um indivíduo que se gaba de um crime de estupro, real ou imaginário, e revela sentir uma nostalgia profunda dos dias em que os meninos do interior do Nordeste mantinham relações sexuais com cabritas e jumentas. O que não sei é se percebem o grotesco, a infâmia, a abominação de continuar a chamar esse sujeito de Vossa Excelência, quando Vossa Insolência seria muito mais cabível, fazendo de conta que estão diante de um cidadão respeitável quando estão mesmo é de joelhos ante um sociopata desprezível.

Nenhum político do mundo jamais fez declarações tão insultuosas à moralidade geral e à simples dignidade humana. Muito menos as fez e permaneceu no cargo. Lula não só permanecerá como fará tranquilamente a sua sucessora, porque a sociedade brasileira inteira já se acanalhou ao ponto de aceitar como decreto divino tudo o que venha do "Filho do Brasil". Todos preferem antes ser humilhados, achincalhados, envergonhados ante o universo, do que correr os riscos de uma crise política. Sabem por que? Porque foram reduzidos a uma tal impotência que já não têm meios nem de criar uma crise política.

Em fevereiro de 2004 escrevi: "Quem quer que, a esta altura, ainda sonhe em 'vencer o PT', seja nas próximas eleições, seja ao longo das décadas vindouras, deve ser considerado in limine um bobão incurável, indigno de atenção.

O PT, como digo há anos, não veio para alternar-se no poder com outros partidos — muito menos com os da 'direita' — segundo o rodízio normal do sistema constitucional-democrático. Ele veio para destruir esse sistema, para soterrá-lo para sempre nas brumas do passado, trocando-o por algo que os próprios petistas não sabem muito bem o que há de ser, mas a respeito do qual têm uma certeza: seja o que for, será definitivo e irrevogável.

Não haverá retorno. O Brasil em que vivemos é, já, o 'novo Brasil' prometido pelo PT, e não tem a menor perspectiva de virar outra coisa a médio ou longo prazo, exceto se forçado a isso pela vontade divina ou por mudanças imprevisíveis do quadro internacional."

Fui chamado de radical, de paranóico, de tudo quanto é nome. Os que assim reagiam não tinham — e não têm até hoje — a menor ideia de que existe uma ciência política objetiva, capaz de fazer previsões tão acertadas quanto as da meteorologia, com a diferença de que estas são feitas, no máximo, com antecedência de algumas horas. Quão preciosa não seria essa ciência nas mãos dos planejadores estratégicos, seja na política, seja nos negócios! Recusando-se a acreditar que ela existe, preferem confiar-se aos pareceres dos acadêmicos consagrados, que são tão bem educadinhos e jamais os assustam com previsões certeiras.

Ainda lembro que, em 2002, o Los Angeles Times consultou duas dúzias de eminentes "especialistas" sobre as eleições no Brasil. Todos disseram que Lula não teria mais de 30 por cento dos votos. Só eu — o radical, o alucinado — escrevi que a vitória do PT era não apenas certa, mas absolutamente inevitável.

Do mesmo modo, sob insultos e cusparadas, anunciei que a passagem do tempo desfaria a lenda da "moderação" lulista, pondo à mostra o compromisso inflexível do nosso partido governante com o esquema revolucionário internacional.

Hoje isso está mais do que evidente, e sinais de um temor geral que antes ninguém desejava confessar começam a despontar por toda parte. E que fazem, diante do perigo tardiamente reconhecido, essas consciências recém-despertadas? Correm em busca dos mesmos luminares acadêmicos que já os ludibriaram tantas vezes com suas palavras anestésicas, como instrutores de auto-ajuda.

A elite brasileira é vítima de seu próprio desamor ao conhecimento, agravado de um culto idolátrico aos símbolos exteriores de prestígio e bom-mocismo. Seguindo essa linha inflexivelmente ao longo dos anos, enfraqueceu-se ao ponto de, hoje, ter de baixar a cabeça ante a torpeza explícita, arrogante, segura de si.

Fonte: Diário do Comércio, 7 de dezembro de 2009

Divulgação: www.juliosevero.com

As mentiras ambientais que os homens contam

Em briga de foice grande e debate de ânimos acirrados, os interlocutores precisam estar atentos às falácias que os homens contam. Números duvidosos, interpretações tendenciosas, ideias viciadas sobram em discursos permeados por ideologias e interesses extremados. No atual debate sobre mudanças no Código Florestal brasileiro, essa realidade não poderia ser diferente.

Quem, minimamente, acompanha esse processo percebe que nem tudo que se fala se escreve. As informações estão truncadas e os discursos polarizados entre dois grupos principais. De um lado, os ruralistas aproveitam o discurso para dizer que a preservação do meio ambiente engessa a produção agrícola. De outro, ambientalistas mantêm posição de protesto e erguem a bandeira da defesa da floresta em pé a qualquer custo.

O estudo do pesquisador Evaristo Miranda, da Embrapa Monitoramento por Satélite (leia o estudo completo), a principal referência da bancada ruralista, é um bom exemplo para mostrar esse debate tendencioso. Em sua conclusão o estudo diz: “(...) em termos legais, aproximadamente 70% do território está legalmente destinado a minorias, a proteção e preservação ambiental ou indisponível para um uso e ocupação intensivos”.

O pesquisador ressalta que parte das áreas protegidas permite atividades produtivas “como coleta de látex, de castanha, de fibras, pesca e pequena agricultura, mas excluem em geral a atividade agrícola intensiva, com remoção da cobertura vegetal nativa etc. ou submetem o uso e ocupação das terras a condicionamentos e restrições estabelecidos por planos de manejo, comitês gestores, etc.”.

Em debates, audiências públicas, entrevistas e discursos, os ruralistas defendem que a legislação ambiental impede o crescimento econômico do país. A interpretação é simplista: se 70% do território estão destinados a minorias e áreas de proteção, sobram apenas 30% da área do país para a produção agrícola, construção de infraestruturas, cidades etc. Esquecem de ressaltar que é possível uso sustentável de parte desses 70% de terra, inclusive para a pequena agricultura. E concluem que ainda bem que os brasileiros não cumprem a legislação ambiental, porque senão tudo seria uma grande floresta.

Os ambientalistas, por outro lado, assumem posturas radicais que dificultam o diálogo. Aceitam o pagamento por serviços ambientais para os pequenos produtores, mas recusam que esse pagamento seja estendido aos grandes. O pagamento por esses serviços é como um incentivo para que o proprietário preserve o ecossistema que produz oxigênio, conserva a biodiversidade e regula as funções hídricas. Nesse caso, o tamanho da propriedade não deve ser fator de impedimento para receber por esse tipo de serviço – ainda que os incentivos possam ser diferenciados.

Esse debate é sensível e está, um tanto quanto, viciado por interesses engessados. É nítido que falta pensamento de nação para se encontrar uma convergência nesse processo. Essa briga precisa ser mais inteligente e mais estratégica para o país. É fundamental despolarizar essa questão, incluindo também a indústria, o setor de energia, automobilístico e outros nessa mudança.

Para entender essa "briga de foice", veja a seguir alguns dos questionamentos e divergências apontados pelos dois grupos envolvidos diretamente nesses impasses.

Pontos de questionamento por ambientalistas. Eles afirmam que:

- o estudo do pesquisador Evaristo Miranda é um estudo parcial, que apresenta erros conceituais e de mensuração;
- o cumprimento da legislação ambiental não engessa a produção agrícola, pois a reserva legal e as áreas de preservação permanente não são áreas intocáveis, permitem exploração sobre forma de manejo;
- os ruralistas afirmam que três milhões de agricultores ficariam na ilegalidade se o decreto de crimes ambientais for cumprido. Os ambientalistas alegam que não é possível mensurar esse dado e que o próprio Censo Agropecuário não tem essa informação;
- as ONGs ambientalistas não defendem interesses internacionais, defendem o legítimo interesse brasileiro de preservar as nossas florestas;
- os ruralistas defendem interesses da oligarquia rural e interesses internacionais, pois a Europa está reflorestando 500 mil hectares de terra por ano e como não terá mais espaço em seus países, quer ampliar a produção agropecuária no Brasil;
- os ruralistas afirmam que precisam de R$ 400 bilhões (quase 15% do PIB brasileiro) para recuperar áreas degradadas, mas que esse custo está superfaturado, porque os ruralistas querem provar que é inviável recuperar áreas degradadas e querem anistia para áreas já desmatadas;
- a anistia para áreas já desmatadas é para que se continue a devastação;
- os ruralistas não têm dados técnicos que comprovem a eficácia de preservar reserva legal em outro bioma e fazer o planejamento ambiental fora da área de propriedade;
- no Brasil não existe a cultura de uso racional das florestas nacionais;
- os ruralistas afirmam que 67% do território na Amazônia têm exploração proibida, os ambientalistas argumentam que 80% da floresta podem ser explorados por meio de manejo sustentável.
(Dados de Raul do Valle, do Instituto Socioambiental, e da Liderança do PV)

Pontos de divergência colocados pelos ruralistas. Eles dizem que:

- são diferentes as visões sobre planejamento ambiental – os ambientalistas veem a propriedade privada como unidade de planejamento, os ruralistas alegam que eles têm foco na propriedade e não no ganho sistêmico;
- política ambiental nacional partindo de Brasília, sem levar em consideração as peculiaridades de cada estado e município;
- produtor rural que é responsabilizado a arcar sozinho com o ônus de proteção das florestas através de manutenção das reservas legais e APPs em sua propriedade;
- os ambientalistas taxam os produtores como os principais poluidores, mas na realidade o que ocorre é que a grande poluição hídrica e atmosférica ocorre nas cidades e não no campo. O exemplo disso é o rio Tiete, em São Paulo, que é limpo na área rural;
- os ambientalistas não levam em conta a política de proteção a partir da realidade já existente. Querem voltar a fatos pretéritos, querendo responsabilizar cada situação ocorrida, sem considerar que as políticas públicas mudaram ao longo dos anos. Um exemplo é que, antigamente, se pedia para fazer desmatamento ao longo dos rios para não ter a proliferação dos mosquitos de febre amarela;
- falta sustentabilidade no que os ambientalistas falam. Para haver a proteção ambiental, temos que considerar outros fatores, aspecto social, econômico, para no fim de tudo ter o ganho ambiental. Não adianta discurso ambientalista de plantar árvores e não ter o que comer. Tem haver esse equilíbrio;
- à medida que interesses em outros países mudam, tem que mudar nosso foco também. Mas para os outros países a regra é uma, e para nós é outra.
(Dados do gabinete do deputado Moacir Micheletto PMDB-PR)
Fonte:http://congressoemfoco.ig.com.br/noticia.asp?cod_canal=14&cod_publicacao=31067

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Controle da natalidade e a vitória do islamismo

http://www.youtube.com/watch?v=e8mFeWLwJx8&feature=player_embedded

Comentários
ALOISIOPEDRI (4 meses atrás) Exibir Ocultar
Interessantíssimo esse vídeo. Faz um alerta para o crescimento do Islamismo. Sabe-se que liberdade é, depois da vida, o maior patrimônio do ser humano. Sem liberdade o homem/mulher fica reduzido a quase nada e, parece, o Islamismo não compartilha desse pensamento, haja vista, por exemplo, o tratamento dispensado às pessoas do sexo feminino que são reduzidas à cidadãs de segunda classe e, cabe ressaltar, esse náo é o pensamento da sociedade ocidental.

Necroman666
Islamismo deve ter valores morais mais fortes do que a cultura ocidental.

agostinhohipona (5 meses atrás) Exibir Ocultar
+2
Excelente alerta para todos os cristãos.
Devemos estar atentos para a ameaça da expansão islâmica que desde o século XX se tornou ainda mais perigososa e ameaçadora.
Os muçulmanos tentam conquistar o Ocidente desde os tempos medievais, mas não conseguiram porque Deus Todo-Poderoso está do lado do Cristianismo e da Santa Igreja.
Devemos manter nossa fé em Jesus Cristo e defender os nossos valores cristãos católicos e protestantes.
Deus abençoe o Ocidente.

agostinhohipona (5 meses atrás) Exibir Ocultar
Excelente alerta para os cristãos de todo o mundo.
Não devemos permitir que o Islam nos subjulgue. Devemos defender nossa cultura e nossa religião cristã!
Deus abençoe o Ocidente!
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