Teus grandes olhos, olhos infantis assustados, a me espreitar interrogativos, traquinam em volta de mim.
Os meus olhos, olhos cansados do mundo, fugitivos, emaranham-se por tua pele, repousando no teu jardim.
Meus lábios bebem na fonte nacarada de tua boca, doce fluxo de palavras, manancial de beijos, beijos maduros sem fim.
Dói te amar aos pedaços, pedaços que roubas de mim, antropofágicos dentes cravados, nãos transformados em sim.
Amar tão confuso, tardio, luta travada em silêncio, unhas causando arrepios, fluidos a se misturar.
Estrelas de olhos vendados, grama macia convida, tépida noite atrevida, inversos abraços - gemidos de amor ao luar.
Represas rompendo, intranqüilas, notas insuspeitas a surgir, teus túrgidos seios, eriçados- pêssegos a se degustar.
Náufragas frases permeiam corpos siameses em cio; antigos quereres libertos, longínquos anseios mais perto – sede prá se saciar.
Amar de outra forma não sei: aprendi a amar só por inteiro, amar de maneira completa - agora te amando aos pedaços, um tipo de amor canibal.
Amor que de mim leva em teus dentes, amor que te quero comigo, sonhando acordado contigo – fantasia se tornando real.
Amar tão intenso alucina, maximiza desejo visceral, de te abraçar sem intervalo, sem pausa, em um tempo sem início ou final.
Nestes versos revejo outra vez, os pedaços de amor que trocamos, meus pedaços com os teus misturados, enfim formando um amor único, total.
Ao ver o teu corpo estendido ao meu lado, após o amor, e perceber que um enorme sentimento de ternura invade toda a minha alma, então tenho certeza de que amo a mulher que está ali. Cuidadosamente, beijo-te cada um dos teus olhos, mordiscando a tua orelha, a enfatizar a minha certeza – eu amo muito você.
Vale do Paraíba, noite do primeiro Sábado de Dezembro de 2009
João Bosco (Aprendiz de poeta)
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