sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Banqueiros são cotados para comandar o BC na gestão Dilma

O Jornal Valor Econômico faz uma lista dos nomes que estão sendo cogitados pelo governo para o cargo de Presidente do Banco Central no governo Dilma. Dentre eles, estão o atual presidente Henrique Meirelles (ex-diretor do Bank Boston), Fábio Barbosa (presidente da Febraban), e Luiz Carlos Trabuco (atual presidente do Bradesco).

A reportagem é do sítio Auditoria Cidadã da Dívida, 04-11-2010.

Ou seja: cogita-se que diretores de bancos privados assumam a Presidência do Banco Central para decidir sobre, por exemplo, política monetária (juros, dívida interna) e cambial (compra de dólares) que podem beneficiar enormemente seus ex-bancos às custas do Tesouro, ou seja, do povo.

Porém, mesmo que o próximo presidente do BC não seja proveniente do setor financeiro, o atual sistema de “Metas de Inflação” reduz muito o espaço para que os juros caiam a níveis civilizados. Isto porque, neste sistema, as altas taxas de juros são colocadas como a única medida para o controle da inflação, mesmo que esta esteja em alta devido aos preços administrados pelo próprio governo, ou por problemas de oferta de alimentos.

Além do mais, conforme constatou a recente CPI da Dívida na Câmara dos Deputados, as altas taxas de juros inibem o investimento, o que reduz a oferta futura de produtos, gerando, aí sim, inflação, levando o BC a subir novamente os juros, como em um círculo vicioso.

As altas taxas de juros atraem os investidores internacionais, que vêm ao Brasil para lucrar fácil com a dívida interna. Notícia do Valor Econômico mostra que o FED (Banco Central dos EUA) decidiu injetar mais US$ 600 bilhões na economia, sendo que boa parte destes recursos virão para os países do Terceiro Mundo. A ONU e a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) já alertam para a formação de uma “bolha” especulativa nos países emergentes.

Enquanto a remuneração da dívida pública segue garantida, não há nenhuma garantia de aumento real para o salário mínimo em 2011. O governo somente aceita conceder reajuste de 5,5%, como recomposição das perdas inflacionárias, o que leva a um mínimo de R$ 538,15. A Agência Câmara mostra que as Centrais Sindicais se reuniram hoje com o relator do Orçamento de 2011, senador Gim Argello (PTB/DF), para reivindicar um salário mínimo de R$ 580. Porém, Argello apenas se comprometeu com um “aumento” de R$ 1,75, alegando que cada R$ 1 de aumento gera uma despesa de R$ 286,4 milhões para o governo, com pagamento de aposentadorias e outros benefícios vinculados ao salário mínimo.

Portanto, para se obter o salário mínimo pedido pelas Centrais, seriam necessários R$ 12 bilhões, quantia equivalente a apenas 12 dias de pagamento da dívida (que em 2009 consumiu R$ 380 bilhões).

Por sua vez, a presidente eleita Dilma Rousseff apenas aceitará um aumento real do salário mínimo em 2011 se este aumento for descontado do aumento a ser concedido em 2012.

Seria interessante se o governo fizesse uma proposta semelhante para os rentistas da dívida pública: pagar no ano que vem, sobre os títulos da dívida, somente 5,5% de recomposição da inflação – ao invés dos 10,75% da Selic, ou dos 13% dos títulos pré-fixados – e ainda fazer a “boa ação” de antecipar algum ganho real, se os rentistas aceitarem descontar este ganho em 2012.

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