quarta-feira, 25 de julho de 2012

O Amor que tenho é o que dou...

"...No seu início, o homem não tem senão instintos; mais avançado e corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado, tem sentimentos; e o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas este sol interior..." ( Cap XI item 8 ) - O Evangelho segundo o Espiritismo Somente se dá aquilo que se possui. Como, pois, exigir amor de alguém que ainda não sabe amar? Como requisitar respeito e consideração de criaturas que não atingiram o ponto delicado do sentimento que é o amor? Quem dá afeto recolhe a felicidade de ver multiplicado aquilo que deu, mas somente damos de conformidade com aquilo de que podemos dispor no ato da doação. Há diversidades de evolução no planeta. Homens mal saídos da primitividade campeiam na sociedade moderna, ensaiando os primeiros passos do instinto natural para a sensibilidade amorosa. Eis aqui uma breve relação de sintomas comportamentais que aparecem nas criaturas, confundindo o amor que liberta e deseja o bem da outra pessoa com a atração egoísta que toma posse e simplesmente deseja: - Há indivíduos que, para conquistar os outros e convencê-los de suas habilidades e valores, contam vantagens, persuadindo também a si mesmo, pois acreditam que para amar é preciso apresentar credenciais e louros, satisfazendo assim as expectativas daqueles que podem aceitá-lo ou recusá-lo. - Há criaturas que tentam amar comprando pessoas, omitindo e negando suas necessidades e metas existenciais, abandonando tudo que lhes é mais caro e íntimo e depois, por terem aberto mão de todos os seus gostos e desejos, perdem o sentido de suas próprias vidas, terminando desastrosamente seus relacionamentos. - Alguns delegam o controle de si mesmos aos outros, cometendo assim, em "nome do amor", o desatino de renunciar ao próprio senso de dignidade, componente vital à felicidade. Não é de surpreender que vivam vazios e torturados, pois tornaram-se "um nada" ao permitirem que isso acontecesse. - Outros tantos usam da mentira, encombrindo realidades e escondendo conflitos. Convictos de que têm de ser perfeitos para ser amados, temem a verdade pelas supostas fraquezas que ela possa lhes expor diante dos outros. Acabam fracassados afetivamente por falta de honestidade e sinceridade. - Certas criaturas afirmam categoricamente que amam, mas tratam o ser amado como propriedade particular. Por não confiarem em si mesmas, geram crenças cegas de que precisam cuidar e proteger, quando na realidade sufocam e manipulam criando um convívio insuportável e desgastante. Uma das características mais tristes dos que dizem saber amar é a atitude submissa dos que nunca dizem "não", convencidos de que, sempre sendo passivos em tudo, receberão carinho e estima. Esse tipo de comportamento leva as pessoas a concordar sempre com qualquer coisa e em qualquer momento, trazendo-lhes desconsideração e uma vida insatisfatória. Requisitar dos outros o que eles ainda não podem dar é desrespeitar suas limitações emocionais, Forçar pais, filhos, amigos e cônjuge a preencher o teu vazio interior com amor que não dás a ti mesmo, por esqueçeres teus própios recursos e possibilidades, é insensato de tua parte. É dando que se recebe; portanto cabe a ti mesmo administrar tuas carências afetivas e fazer por ti o que gostarias que os outros te fizessem. Não peças amor e afeto; antes de tudo, dá a ti mesmo e em seguida aos outros, sem mesmo cobrar taxas de gratidão e reconhecimento. Importante é que sigas os passos de Jesus na doação do amor abundante, sem jamais exigí-lo de ninguém e sem jamais esquecer que és responsável pelos teus sentimentos. Quanto aos outros, sejam eles quem forem, responderão por si mesmos conforme o seu livre arbítrio e amadurecimento espiritual. Extraído do Livro Renovando Atitudes - do espírito Hammed, pelo médium Francisco do Espírito Santo Neto. Fonte: http://www.forumespirita.net

sexta-feira, 13 de julho de 2012

O verdadeiro Che Guevara

Há quase 42 anos, Ernesto "Che" Guevara recebeu uma grande dose de seu próprio remédio. Sem qualquer julgamento, ele foi declarado um assassino, posto contra um paredão e fuzilado. Historicamente falando, a justiça raramente foi tão bem feita. Se o ditado "tudo o que vai, volta" expressa bem uma situação, é esta. "Execuções?", gritou Che Guevara enquanto discursava na glorificada Assembléia Geral da ONU, em 9 de dezembro de 1964. "É claro que executamos!", declarou o ungido, gerando aplausos entusiasmados daquele venerável órgão. "E continuaremos executando enquanto for necessário! Essa é uma guerra de morte contra os inimigos da revolução!" De acordo com O Livro Negro do Comunismo, escrito por estudiosos franceses de esquerda (ou seja, dificilmente uma mera publicação "direitista" ou de "fanáticos anticastristas de Miami"), ocorreram 14.000 execuções por fuzilamento em Cuba até o final de década de 1960. (Slobodan Milosevic, não custa lembrar, foi a julgamento por ter ordenado 8.000 execuções. A mesma ONU que aplaudiu delirantemente a orgulhosa declaração de Che Guevara condenou Milosevic por "genocídio"). "Os fatos e números são incontestáveis", escreveu ninguém menos que o New York Times, ícone da esquerda, sobre o "Livro Negro do Comunismo". Jose Vilasuso, um cubano que à época era promotor dos julgamentos comandados por Guevara, fugiu horrorizado e enojado com o que presenciou. Ele estima que Che promulgou mais de 400 sentenças de morte apenas nos primeiros meses em que comandava a prisão de La Cabaña. Um padre basco chamado Iaki de Aspiazu, que sempre estava à mão para ouvir confissões e fazer a extrema unção, diz que Che pessoalmente ordenou 700 execuções por fuzilamento durante esse período. Já o jornalista cubano Luis Ortega, que conheceu Che ainda em 1954, escreveu em seu livro "Yo Soy El Che!" que o número real de pessoas que Guevara mandou fuzilar é de 1.892. Em seu livro, Che Guevara: A Biography, o autor Daniel James escreve que o próprio Che admitiu ter ordenado "milhares" de execuções durante o primeiro ano do regime de Fidel Castro. Felix Rodriguez, o agente cubano-americano da CIA que ajudou a caçar Che na Bolívia e que foi a última pessoa a interrogá-lo, diz que Che, em sua última conversação, admitiu "algumas milhares" de execuções. Mas fez pouco caso delas, dizendo que todas as vítimas eram "espiões imperialistas e agentes da CIA". "Eu não preciso de provas para executar um homem", gritou Che para um funcionário do judiciário cubano em 1959. "Eu só preciso saber que é necessário executá-lo!" As vítimas do regime fidelista, os "inimigos da revolução", foram uns dos mais empreendedores e valentes lutadores do século XX, junto com os Guerreiros da Liberdade Húngaros. Eles lutaram valente e desesperadoramente, mesmo sabendo que praticamente não tinham chances. Eles lutavam até a última bala; e, normalmente, lutavam até a morte. No final, eram capturados, amordaçados e fuzilados por Che e seus seguidores. Os poucos sobreviventes vivem hoje em lugares como Miami e Nova Jersey, e podem ser considerados os prisioneiros políticos mais longevos e sofridos da história moderna. Porém, se você procurar sobre a história deles na grande mídia, sua empreitada será em vão. Afinal, eles lutaram contra a fina flor do esquerdismo chique. Sendo assim, o heroísmo deles não é considerado um drama politicamente correto. Por outro lado, a revista Time, por exemplo, classificou honrosamente Che Guevara como uma das "100 Pessoas Mais Importantes do Século". Não satisfeitos com tão incompleto louvor, também o colocaram na seção "Heróis e Ícones", ao lado de Anne Frank, Andrei Sakharov, Rosa Parks e Madre Teresa. Daqui em diante, as ironias vão ficando mais ricas. A mais popular versão da camiseta e do pôster de Che, por exemplo, ostenta o slogan "Lute Contra a Opressão" sob sua famosa face. Essa é a face de um homem que fundou um regime que encarcerou mais de seu próprio povo do que Hitler e Stalin, e que declarou que "o individualismo deve desaparecer!". Em 1959, com a ajuda dos agentes soviéticos da GRU, o homem celebrado naquela camiseta ajudou a fundar, treinar e a doutrinar a polícia secreta cubana. "Sempre interrogue seus prisioneiros à noite", ordenava Che a seus capangas. "A resistência de um homem é sempre menor à noite". Hoje, um mural com o retrato de Che — o maior do mundo — adorna o Ministério do Interior, que é o quartel-general da KGB cubana — a polícia secreta treinada pela STASI. Nada poderia ser mais apropriado. O boxeador Mike Tyson costumava comemorar suas vitórias erguendo seus braços em triunfo. Em 2002, ele visitou Cuba e tatuou uma enorme imagem de Che em seu torso. Desde então, ele tem sido horrível e impiedosamente surrado em absolutamente todas as suas lutas, um processo que é uma mímica perfeita do histórico de combate de seu ídolo. Que Mike Tyson aprenda: Che era de fato muito proficiente em castigar seus inimigos, milhares deles, mas somente após estes estarem devidamente amarrados, amordaçados e vendados — e creio que a Federação Nacional de Boxe não vai permitir isso. Quando a intelligentsia e todo o beautiful people presente no Festival de Cinema de Sundance (que incluía variedades como Al Gore, Sharon Stone, Meryl Streep e Paris Hilton) explodiu numa extasiante ovação ao filme Diários de Motocicleta, eles estavam aclamando um filme que glorificava um homem que havia encarcerado ou exilado os melhores escritores, poetas e cineastas independentes de Cuba, ao mesmo tempo em que transformava a imprensa e o cinema — tudo sob a mira de metralhadores tchecas — em agências de propaganda do regime stalinista. O produtor executivo do filme, Robert Redford (que sempre inicia os festivais discursando longamente sobre a importância da liberdade artística), foi obrigado a exibir o filme para Fidel Castro e para a viúva de Che (que chefia o Centro de Estudos Che Guevara, em Cuba) antes de seu lançamento oficial, para ver se ambos aprovariam o resultado. Até onde se sabe, não houve gritos e protestos de "censura!" e "vendido!" para Redford. As tietes de Che são muitas e variadas. Christopher Hitchens, por exemplo, se maravilha com a "indomável rebeldia" de Che e nos assegura em seu mesmo artigo no New York Times que "Che não era um hipócrita". "1968 na verdade começou em 1967, com a morte de Che", reconta Hitchens. "Sua morte significou muito pra mim, e para muitos como eu, na época. Ele era um modelo para todos". Johnny Depp gosta de ostentar o rosto de Che em seus pingentes, blusas e bandanas. Tivesse ele nascido duas décadas antes em Cuba e tentasse ostentar esse estilo rebelde que lhe é peculiar, certamente teria sido enviado para um campo de concentração, onde seria obrigado a cavar fossos e túmulos — um sistema que foi criado pela primeira vez na América Latina exatamente pelo homem glorificado em seus adornos. Já o célebre historiador Benicio Del Toro, que acaba de estrelar um filme no papel de seu herói, diz que "Che foi um daqueles caras que falavam e faziam. Era coerente. Sempre tem algo de cool em pessoas assim. Quanto mais vou conhecendo Che, mais o respeito". Aparentemente Del Toro se entusiasmou tanto com a imagem cool de Che que esqueceu-se de examinar seu histórico, como comprova esse constrangedor vídeo em que uma jornalista cubana radicada em Miami humilha Del Toro, expondo toda sua ignorância sobre o passado de Che. Nenhuma pessoa em seu perfeito juízo vestiria uma camiseta estampando o rosto de Che. E nenhuma pessoa decente toleraria essa camisa em seus arredores. Porém, a gravura de Che Guevara é considerada a imagem mais reproduzida do século, embelezando desde camisetas e pôsteres, até biquínis e skates, passando por celulares e fraldas. Hollywood o glorifica em grandes produções e a revista Time o celebra como um ícone da mesma grandeza de Madre Teresa. Quem foi Che Guevara? Mas como um sujeito horrendo, vazio, estúpido, sádico e epicamente idiota conseguiu um status tão icônico? A resposta é que esse nômade psicótico e completamente inexpressivo chamado Ernesto Guevara teve a magnífica sorte de associar-se ao maior assessor de imprensa da história moderna, Fidel Castro, que por meio século sempre foi capaz de manter toda a imprensa mundial diligentemente à espera de diretivas, correndo para ele a cada chamado seu, como pombos treinados. Caso Ernesto Guevara De La Serna y Lynch não tivesse se juntado a Raul e Fidel Castro na Cidade do México naquele fatídico verão de 1955; caso ele não tivesse se associado, um ano antes, a um exilado cubano na Guatemala chamado Nico Lopez, que mais tarde o apresentou a Raul e Fidel Castro na Cidade do México; tudo indica que Ernesto continuaria vivendo sua vida de viajante vagabundo, mendigando e molestando mulheres, dormindo em albergues inabitáveis e escrevendo poesia ilegível. "Estou aqui nas montanhas de Cuba sedento por sangue", escreveu Che para a sua esposa abandonada em 1957. "Querido pai, hoje descobri que realmente gosto de matar", escreveu logo depois. O detalhe é que essa matança de que ele gostava muito raramente era feita em combate; o que ele gostava mesmo era de matar à queima-roupa homens e garotos amarrados e vendados. "Quando você via aquele olhar extasiado em sua face, enquanto as vítimas eram amarradas aos postes e logo em seguido estouradas", disse a esse escritor um ex-prisioneiro político, "você percebia que havia algum distúrbio seriamente grave em Che Guevara". De fato, a única façanha genuína na vida de Che Guevara foi o homicídio em massa de homens e garotos indefesos. De sua própria arma, dezenas morreram. Sob suas ordens, milhares foram aniquilados. Em tudo o mais que fez, Che fracassou abismalmente, até hilariamente. (Em um episódio cômico, durante a invasão da Baía dos Porcos, Che e seus homens estavam em um lugar completamente diferente da parte da ilha em que estava ocorrendo a ação. Mesmo assim, alguns exilados cubanos mandaram em sua direção um pequeno barco carregado de fogos de artifício, uma mera tática de distração. O despreparado Che, liderando seus homens para uma ofensiva contra um barco completamente vazio, conseguiu a façanha de atirar em si próprio, acertando sua mandíbula. Deve ser um caso raro de um soldado que se fere sozinho com sua arma quando não há inimigo algum por perto...) Seus escritos revelam um jovem severamente problemático. "Minhas narinas se dilatam quando aprecio o odor acre da pólvora e do sangue. Louco de fúria, mancharei de vermelho meu rifle estraçalhando qualquer inimigo que caia em minha mãos! Com a morte de meus inimigos preparo meu ser para a sagrada luta, e juntar-me-ei ao proletariado triunfante com um berro bestial!" O termo "ódio" era uma constante em seus escritos: "Ódio como um elemento de luta"; "um ódio que é intransigente"; "um ódio que é tão violento que impulsiona um ser humano para além de suas limitações naturais, fazendo dele uma violenta e fria máquina de matar." Dentre suas perturbadas fantasias, a mais proeminente era a implementação de um reino continental stalinista. Para atingir esse ideal, o jovem problemático almejava "milhões de vítimas atômicas". O perturbado jovem argentino também era arredio e desprezava todos ao seu redor: "Não tenho casa, não tenho mulher, não tenho pai, não tenho mãe, não tenho irmãos. Meus amigos só são amigos quando eles pensam ideologicamente como eu". Felizmente para ele, quando ainda era um vagabundo na Cidade do México, teve a sorte de encontrar um homem cujo julgamento sobre a psique humana era extremamente perspicaz. Este homem, um exilado cubano, diagnosticou corretamente a psicose do argentino e fez uma "intervenção" no momento certo, canalizando os talentos e anseios deste jovem problemático para fins considerados construtivos pela intelligentsia mundial: o estabelecimento do stalinismo. Rapidamente o argentino se viu lucrativamente empregado em Cuba. Seu intenso desejo por sangue foi amplamente satisfeito no extermínio de cubanos anticomunistas, uma espécie mamária que os iluminados de todo o mundo consideram uma peste insuportável. De início, o perturbado jovem argentino assumiu o papel de principal executor dos homicídios em massa de cubanos indefesos, estraçalhando os crânios de suas vítimas — que jaziam convulsionadas no chão — com tiros de sua própria pistola. Mas dado o aumento no volume de serviço, a tarefa acabou se tornando fatigante, o que fez com que o argentino designasse alguns capangas cubanos para o trabalho, facilitando dessa forma a matança em série. Não que ele tenha se distanciado da carnificina. Na realidade, ele se deliciava tanto com o processo que uma janela especial foi construída em seu escritório, permitindo que ele visse e se regozijasse com a orgia sangrenta no campo logo abaixo de sua janela. Em um famoso discurso em 1961, Che denunciou o "espírito de rebeldia" como sendo algo "repreensível". "A juventude deve abster-se de questionar de modo ingrato as ordens governamentais", ordenou Guevara. "Em vez disso, ela deve se dedicar completamente aos estudos (marxistas), ao trabalho (para o governo) e ao serviço militar (para matar os desobedientes)". E ai daqueles jovens "que ficarem acordados até tarde da noite e chegarem atrasados para o trabalho (forçado pelo governo)". Os jovens, escreveu Guevara, "devem aprender a pensar e a agir como uma massa única". "Aqueles que escolherem o próprio caminho" (como deixar o cabelo crescer e ouvir música imperialista ianque) serão denunciados como "dejetos" e "delinquentes". Em seu famoso discurso, Che Guevara até mesmo jurou "fazer com que o individualismo desapareça de Cuba! É criminoso pensar como indivíduos!" Dezenas de milhares de jovens cubanos aprenderam que as ameaças de Che Guevara eram mais do que mera linguagem bombástica. Centenas de soviéticos da KGB e "consultores" da STASI da Alemanha Oriental, que inundaram Cuba no início da década de 1960, encontraram em Guevara um acólito extremamente zeloso. Já em meados dos anos 60, o crime de se parecer com um "roqueiro" ou ter um comportamento efeminado fez com que a polícia secreta cubana retirasse das ruas e parques de Cuba milhares de jovens e os jogassem em campos de concentração que tinham os dizeres "O Trabalho Fará de Você um Homem" em seu portão principal, bem como homens com metralhadoras localizados estrategicamente em torres de observação. As iniciais desses campos eram UMAP, mas eles em nada diferiam de um GULAG. Cuba antes da revolução O mito popular é que Cuba era um país com uma economia desintegrada e que Fidel melhorou a vida dos cubanos. Será? Nos meses seguintes à revolução cubana, por exemplo, o economista tcheco Radoslav Selucky visitou Cuba e tomou um susto: "Pensávamos que Cuba fosse um país subdesenvolvido que tivesse apenas algumas refinarias de açúcar!", escreveu quando voltou a Praga. "Mas não! Quase 25% da força de trabalho de Cuba estava empregada na indústria, onde os salários eram iguais aos salários pagos nos EUA!" Agora, eis as palavras do próprio Che Guevara em 1961, após retornar a Cuba, junto com seus subordinados, de uma longa viagem ao Leste Europeu: "Não podemos dizer que só vimos maravilhas naqueles países", admitiu Che. (Considerando-se a natural propensão do povo cubano para o sarcasmo, é provável que Che tenha dito isso em resposta às zombarias e risadas de seus subalternos, que possivelmente ridicularizaram as — para eles — patéticas condições socioeconômicas das principais capitais do Leste Europeu — as quais Cuba deveria emular!) "É natural que, para um cubano do século XX, acostumado a todos os luxos que o imperialismo lhe deu", escreveu Che Guevara, "muito do que ele viu (no Leste Europeu) parecesse-lhe algo típico de países subdesenvolvidos". Mas não se intimide! Logo após se tornar ministro da economia de Cuba, Guevara já tinha planejado como tirar aquele sorriso de escárnio do rosto dos cubanos. Como o Czar da economia cubana, Che transformou uma nação que tinha uma renda per capita maior do que metade dos países da Europa, a menor taxa de inflação do Ocidente, uma classe média maior que a da Suíça, um enorme fluxo de imigrantes e cujos trabalhadores desfrutavam a oitava maior taxa salarial do mundo, em uma nação que causa repúdio até nos haitianos. E isso mesmo após receberem abundantes subsídios dos soviéticos, cujo total foi igual a dez Planos Marshall (isso para uma nação de apenas 6,4 milhões de habitantes) — um feito econômico que desafia não somente as leis econômicas mas que também parece desafiar a física. Se tem uma coisa com que os exilados cubanos concordam inteiramente com Fidel e Che é que eles são ícones do Terceiro Mundo. Afinal, ambos certamente conseguiram o feito aparentemente impossível de converter Cuba em uma nação do Terceiro Mundo. Utilizemos agora um estudo da ONU (ninguém menos!) sobre Cuba, de 1958. "Cuba possui uma enorme vantagem em sua integração nacional — em comparação aos outros países da América Latina — por causa de sua enorme e homogênea base de imigrantes espanhóis brancos. A pequena população negra de Cuba também é culturalmente integrada. Aqueles modos de produção feudal que existem no resto da América Latina não existem em Cuba. O camponês cubano não se parece com o camponês do resto da América Latina, que está preso à terra, é tradicionalista e se opõe às inovações que o levariam a uma economia de mercado. O camponês cubano, em todos os aspectos, é um homem moderno. Ele possui um nível educacional e uma familiaridade com métodos modernos que não é vista no resto da América Latina". Outra verdade escondida: "os trabalhadores pobres" não tiveram participação alguma na Revolução Cubana. A rebelião anti-Batista foi liderada e composta predominantemente por membros da classe média cubana, principalmente da classe média alta. Em agosto de 1957, o movimento rebelde liderado por Fidel organizou uma "Greve Nacional" contra a ditadura de Batista — e ameaçou matar os trabalhadores que aparecessem para trabalhar. A "Greve Nacional" foi completamente ignorada. Outra greve foi organizada para o dia 9 de abril de 1958. E novamente os trabalhadores cubanos ignoraram solenemente seus "libertadores", comparecendo em massa para trabalhar. Eis um outro relatório, agora da UNESCO, sobre Cuba, em 1957: "Uma característica da estrutura social de Cuba é sua grande classe média", começa o relatório. "Os trabalhadores cubanos são mais sindicalizados (proporcionalmente à sua população) do que os trabalhadores americanos. O salário médio para uma jornada de 8 horas diárias em Cuba em 1957 é maior do que para os trabalhadores da Bélgica, Dinamarca, França e Alemanha. A mão-de-obra cubana recebe 66,6% da renda interna bruta. Nos EUA, esse valor é de 70% e na Suíça, 64%. 44% dos cubanos são atendidos pela legislação social, uma porcentagem maior que a dos EUA." Em 1958, Cuba tinha uma renda per capita maior que a da Áustria e do Japão. Os trabalhadores da indústria cubana recebiam o oitavo maior salário do mundo. Na década de 50, os estivadores cubanos ganhavam mais por hora do que seus equivalentes em Nova Orleans e em São Francisco. Cuba já havia estabelecido a jornada de 8 horas diárias em 1933 — cinco anos antes de Roosevelt e seu New Deal imporem a mesma regra. E mais: um mês de férias pagas. As tão aclamadas (pela esquerda) socialdemocracias da Europa só conseguiram implementar esse sistema 30 anos depois. A mortalidade infantil em 1958 era a 13ª mais baixa — não da América Latina ou do Ocidente, mas do mundo. O analfabetismo já estava quase erradicado. Cuba era o país que mais gastava (23% do orçamento) com educação pública em toda a América Latina. Mais ainda: os cubanos não eram apenas alfabetizados; eram também cultos. Podiam ler George Orwell e Thomas Jefferson, bem como a arrebatadora sabedoria e cintilante prosa de Che Guevara. A rebelião anti-Batista (e não revolução), como dito, estava apinhada de universitários e profissionais liberais. Advogados desempregados abundavam (Fidel Castro, por exemplo). Observe a composição do primeiro gabinete da "revolução camponesa", composta pelos líderes do movimento anti-Batista: 7 advogados, 2 professores universitários, 3 estudantes universitários, 1 médico, 1 engenheiro, 1 arquiteto, 1 ex-prefeito e coronel que desertou do exército de Batista. Um grupo notoriamente "burguês", como poderia dizer Che. Já em 1961, entretanto, operários e campesinos formavam a grande maioria dos rebeldes anti-Castro, principalmente as guerrilhas das montanhas Escambray. Quem é que já ouviu falar de camponeses pobres lutando contra seus benfeitores Fidel e Che? Antes de Castro tomar o poder, Cuba recebia mais imigrantes (principalmente da Europa) em proporção à sua população do que os EUA. E mais americanos vivam em Cuba do que cubanos viviam nos EUA. Ademais, naquela época, pneus, barris e caixas de isopor eram apenas isso, e não itens estimados no mercado negro para serem utilizados como dispositivos de flutuação marítima, sujeitando seus usuários — ingratos que fogem de seus libertadores — a tubarões e intempéries da natureza. Em 1958, Cuba passava por uma rebelião, não uma revolução. Os cubanos queriam mudanças políticas e não um cataclisma socioeconômico. É uma questão de história o fato de que em janeiro de 1959 os EUA deram seu reconhecimento diplomático ao regime de Fidel/Che mais rapidamente do que reconheceram o de Batista em 1952. Os arquivos do Departamento de Estado americano também mostram que os EUA impuseram um embargo de armas ao governo Batista e se recusaram a enviar armas pelas quais o governo cubano já havia pagado. Os arquivos oficiais também documentam que o embaixador americano Earl T. Smith avisou pessoalmente Batista que ele não mais tinha o apoio do governo americano, que recomendava fortemente que ele deixasse Cuba. Batista teve seu asilo político negado nos EUA. Em 2001, em uma visita a Havana para uma conferência com Fidel Castro, Roberto Reynolds, o agente da CIA para o Caribe, responsável pelo gerenciamento da Revolução Cubana entre 1957 e 1960, declarou orgulhosamente que "Eu e toda a minha equipe éramos fidelistas". Robert Weicha, ex-agente da CIA lotado em Santiago de Cuba declarou que "Todos na CIA e todos no Departamento de Estado eram pró-Castro, exceto o embaixador Earl Smith." Não obstante, você aprendeu em seus livros de história que "Che Guevara ajudou a derrubar o ditador cubano Fulgencio Batista, que era apoiado pelos EUA". A Cuba de Fidel A influência que Fidel Castro exerce sobre a intelligentsia só pode ser descrita como mágica, o que torna qualquer avaliação pública de seu regime por esses iluminados completamente despida de lógica. A saber: Ele encarcerou e torturou a uma taxa maior do que Stalin e se recusa (diferentemente da África do Sul do apartheid, do Chile de Pinochet e da Nicarágua de Somoza) a permitir que a Anistia Internacional ou a Cruz Vermelha inspecionem suas prisões. Não obstante, Cuba ocupou a cadeira do Comitê de Direitos Humanos da ONU, e quando de sua visita a Nova York como o palestrante principal em 1995, a revista Newsweek aclamou Castro como "O Ticket Mais Quente de Manhattan", e a Time disse que ele era "A Celebridade de Manhattan", em referência ao enxame de pessoas da alta sociedade que o rodeavam e bajulavam pedindo autógrafos. Seu código penal ordena 2 anos de prisão para qualquer um que seja ouvido fazendo uma piada qualquer sobre ele. Não obstante, Jack Nicholson e Chevy Chase constantemente cantam-lhe glórias. Ele aboliu o habeas corpus e o seu principal executor (o próprio Che Guevara) declarou que "evidências jurídicas são um arcaico detalhe burguês". Não obstante, a Escola de Direito de Harvard convidou-o como palestrante de honra e constrangedoramente irrompia em aplausos estrepitosos e ovações tumultuadas a cada três frases dele. Ele expulsou uma maior porcentagem de judeus de Cuba do que o Czar Nicolau da Rússia. Entretanto, o fundador da Shoah Foundation, Steven Spielberg, considera o jantar que teve com Fidel "as oito horas mais importantes da minha vida". Ele é o filho de um soldado europeu, branco como o lírio, que forçosamente derrubou um governo cubano em que negros ocupavam os cargos de presidente do Senado, ministro da Agricultura, ministro do Exército e Chefe de Estado (Fulgencio Batista, neto de escravos, nasceu em uma choupana com teto de palmeira). Ele encarcerou um prisioneiro político negro pelo período mais longo da história moderna (Eusebio Penalver, que sofreu mais tempo na masmorra de Castro do que Nelson Mandela sofreu nas masmorras da África do Sul). Hoje, de toda a população presa na Cuba stalinista/apartheidiana, 90% é composta por negros, ao passo que apenas 9% dos integrantes do partido stalinista dominante são negros. Ele sentenciou outros negros (Dr. Elias Biscet, Jorge Antunez) a 20 anos de prisão apenas por terem citado frases de Martin Luther King em praça pública. Não obstante, é tido como herói por negros como Danny Glover, Jesse Jackson e Charles Rangel, que não hesitam em dar-lhes fortes abraços. Apesar de ter transformado uma nação que tinha uma renda per capita maior do que metade dos países da Europa, a menor taxa de inflação do Ocidente, uma classe média maior que a da Suíça e um enorme influxo de imigrantes em uma nação que causa repúdio até nos haitianos, Colin Powell e o London Times reconhecem "as conquistas sociais da revolução fidelista". Hoje, trata-se de um regime que prende qualquer um que tente viajar de uma província de Cuba a outra sem os devidos "papeis" fornecidos pelo estado policial, e que metralha qualquer um que tentar sair do país. Os feitos de Che Ernesto "Che" Guevara era o vice-comandante, o carrasco-chefe e o principal contato da KGB em um regime que proibiu eleições e aboliu a propriedade privada. A polícia desse regime, supervisionada pela KGB e empregando a tática da "visita da meia-noite" e do "ataque pela manhã", capturou e enjaulou mais prisioneiros políticos em proporção à população do que Stalin e executou mais pessoas (em uma população de apenas 6,4 milhões) em seus primeiros 3 anos no poder do que Hitler (que comandava uma população de 70 milhões) em seus primeiros 6 anos. O regime que Che Guevara ajudou a fundar confiscou a poupança e a propriedade de 6,4 milhões de cidadãos e tornou refugiada 20% da população de uma nação até então inundada de imigrantes e cujos cidadãos haviam atingido um padrão de vida maior do que o padrão daqueles que residiam em metade da Europa. O regime de Che Guevara também destroçou — por meio de execuções, encarceramentos, expropriação em massa e exílio — virtualmente cada família da ilha cubana. Muitos oponentes do regime podem ser classificados como os prisioneiros políticos mais longevos da história moderna, tendo sofrido no Gulag guevarista — campos de concentração, trabalhos forçados e câmaras de tortura — durante um período de tempo três vezes maior do que Alexander Solzhenitsyn sofreu no Gulag stalinista. Com apenas uma semana no poder, Che já havia abolido o habeas corpus. Além de afirmar que evidências judiciais eram detalhes burgueses arcaicos, ele complementava garbosamente dizendo que "executamos por convicção revolucionária!". Edwin Tetlow, correspondente do Daily Telegraph londrino em Havana, relatou sobre um "julgamento" em massa orquestrado por Che em que as sentenças de morte já estavam postadas em um quadro antes do julgamento começar. Ele assinava seu nome como "Stalin II", professava que "as soluções para o mundo estão atrás da Cortina de Ferro", e dizia confiantemente que "se os mísseis nucleares tivessem permanecido em Cuba, teríamos disparado contra o coração dos EUA, incluindo Nova York". Ele também afirmava que pela vitória do socialismo era válido ter "milhões de vítimas atômicas". Imediatamente após marchar vitorioso em Havana, Guevara saqueou e depois se mudou para aquela que provavelmente era a mais luxuosa mansão de Cuba. O proprietário dela havia conseguido fugir do país após ser caçado por um pelotão de fuzilamento, e o repórter que escreveu sobre a nova casa de Che em um jornal cubano foi ameaçado de morte por fuzilamento. Um ano depois, milhares de cubanos foram mandados para campos de trabalho forçado sob ordens de Che, tudo baseado em seu desejo de moldar "um novo homem". Comemorou efusivamente a invasão soviética e o consequente massacre de milhões de húngaros que resistiram ao imperialismo russo. De acordo com Guevara, aqueles húngaros que lutavam pela liberdade e resistiam à escravidão eram todos "fascistas e agentes da CIA". Apesar de seus fãs dizerem pomposamente que ele foi um médico formado, ninguém até hoje, após inúmeras tentativas, conseguiu localizar qualquer histórico sobre seu diploma de medicina. Logo após ser capturado na Bolívia, Che admitiu para o comandante da operação, o Capitão Gary Prado, que ele não era médico, mas tinha "algum conhecimento de medicina". Dois heróis Zoila Aguila Em sua campanha de realocação e concentração de prisioneiros — que apequenava tudo que os britânicos fizeram aos Bôeres — os garbosos comunistas saquearam centenas de milhares de cubanos, despojando-os de suas casas e agrupando-os em campos de concentração no lado oposto de Cuba. Tive a oportunidade de entrevistar várias dessas famílias "realocadas". Uma dessas cubanas, esposa de um trabalhador rural, recusou-se a ser realocada. Após seu marido, filhos e sobrinhos terem sido todos assassinados pelo Galante Che e seus capangas, ela conseguiu apoderar-se de uma submetralhadora e de um pente de balas e se refugiou nas montanhas. Ela acabou se tornando uma rebelde. Os cubanos a conhecem como La Niña Del Escambray. Ela passou um ano embrenhada nas montanhas, fugindo dos comunistas que varreram todas as localidades à sua procura. Até que um dia seu suprimento de munição acabou e os vermelhos a capturaram. Espantosamente, ela não foi executada (Che deve ter tirado um dia de folga), porém, durante anos, La Niña sofreu horrivelmente nas masmorras de Fidel (você pode ler as descrições das torturas aqui). Após ser solta, refugiou-se em Miami (na década de 60 ainda se podia sair de Cuba). Você acha que tal história é louvada por Oprah Winfrey? Acha que Hollywood está interessada em narrá-la, tendo Susan Sarandon no papel principal? Pense bem: temos aqui um dos temas favoritos dos produtores de Hollywood e das feministas em geral: a mulher brava e lutadora. Dificilmente uma mulher pode ser mais aguerrida do que Zoila Aguila, seu nome verdadeiro. Se ela tivesse lutado contra, digamos, Pinochet ou Somoza, certamente Hollywood e os editores de livros estariam dedicando toda atenção a ela. Mas como ela lutou contra os garotos mais fotogênicos e queridos da esquerda, naturalmente ninguém nunca ouviu falar dela. Tony Flores Após chegar a Havana em janeiro de 1959, Che Guevara imediatamente percebeu que o fosso ao redor da fortaleza La Cabaña era uma cova perfeita para jogar seus executados. Em Babi-Yar, em Kiev, a SS de Hitler teve de cavar suas fossas. Em La Cabaña, Che Guevara havia encontrado uma já pronta. Em 1961, um garoto de 20 anos chamado Tony Chao Flores, utilizando muletas e mancando pesadamente, chegou ao local onde seria executado. Ele já havia tomado 17 tiros de metralhadoras tchecas quando os capangas de Fidel e Che o capturaram. No caminho para esse seu local de execução, que ficava na velha fortaleza espanhola transformada em prisão e em centro de execução por Che Guevara, Tony foi forçado a descer mancando, sem quaisquer condições físicas e utilizando apenas muletas, uma longa escada feita de pedras esquadradas. Tony tropeçou, caiu e foi rolando a longa escadaria, até finalmente chegar ao chão, debatendo-se e gritando de dor. Uma das pernas de Tony, completamente baleada por metralhadoras, havia sido amputada, e a outra estava gangrenada e coberta de pus. Os guardas fidelistas, gargalhando, foram na direção de Tony para amordaçá-lo para que ele parasse de gritar. Enquanto eles se aproximavam, Tony cerrou o punho de sua única mão que ainda estava boa. Quando o primeiro vermelho se aproximou dele — BASH! — Tony deu-lhe um soco bem no olho. "Nunca consegui entender como Tony conseguiu sobreviver àquela surra", disse Hiram Gonzalez, testemunha e ex-prisioneiro político, que observou toda a cena de sua cela na prisão de La Cabaña. O aleijado Tony quase foi morto no espancamento que se originou a seguir, que envolveu chutes, socos e golpes de arma. Até que finalmente seus agressores se levantaram ofegantes, esfregando seus arranhões e machucados. Eles haviam conseguido amordaçar a boca do garoto, mas Tony conseguiu empurrar os guardas antes que eles conseguissem amarrar suas mãos. O comandante Guevara ordenou que seus capangas se mantivessem afastados de Tony, ainda no chão e com a boca amordaçada. Tony começou a rastejar em direção ao já estilhaçado e ensanguentado poste de execução, que estava a uns 45 metros de distância. Ele foi se arrastando lentamente utilizando suas mãos, enquanto o toco do que restou da sua perna ia deixando um rastro de sangue na grama. Quando chegou perto do poste, ele parou, virou-se para seus executores e começou a bater no próprio peito. Os capangas ficaram perplexos. O garoto aleijado estava tentando dizer alguma coisa. Mas sua mensagem estava abafada pela mordaça que o ídolo de Benicio Del Toro havia tornado obrigatória para suas milhares de vítimas. A expressão de dor e os olhos brilhantes de Tony diziam tudo. Mas ninguém conseguia entender os murmúrios do garoto. Tony continuava batendo no peito, fechando seus olhos com força por causa da dor intensa oriunda de seu esforço. Seus executores ficaram nervosos, sem saber o que fazer. Levantaram e abaixaram seus rifles seguidas vezes. Olharam para seu comandante, que deu de ombros. Finalmente Tony levou a mão à sua face e arrancou a mordaça que o garoto propaganda de Del Toro havia mandado pôr nele. A voz do guerreiro de 20 anos saiu num grito forte: "Atire BEM AQUI!", urrou Tony para seus boquiabertos carrascos. Sua voz foi um estrondo e sua cabeça se inclinou para trás como consequência do esforço. "Bem aqui no PEITO!", gritou Tony. "Como um HOMEM!" Tony rasgou sua blusa, bateu em seu peito e com uma forte expressão de dor gritou para seus embasbacados executores: "Bem AQUI!". Em seu último dia de vida, quando estava na prisão, Tony recebeu uma carta de sua mãe: "Meu querido filho, quantas vezes havia lhe falado para não se envolver com essas coisas... Mas eu sabia que minhas súplicas eram em vão. Você sempre lutou por sua liberdade, Tony, mesmo quando ainda era uma criança. Portanto eu sabia que você jamais toleraria o comunismo. Castro e Che enfim pegaram você. Meu filho, amo você do fundo do meu coração. Minha vida agora está em pedaços e nunca mais será a mesma. A única coisa que resta agora, Tony... é morrer como um homem". "FUEGO!!!", gritou Che. As balas despedaçaram o corpo mutilado de Tony, logo após ele ter chegado ao poste, se erguido por conta própria e encarado resolutamente seus assassinos. Mas o pelotão de fuzilamento de Che estava acostumado a matar pessoas que estavam de pé. Por estar sem uma perna, Tony era um alvo mais difícil. Assim, boa parte da saraivada de balas não acertou o jovem. Ainda vivo, era a hora do golpe de misericórdia. Normalmente, um projétil de .45 é suficiente para esmagar um crânio. De acordo com testemunhas, três foram despejadas no crânio de Tony. Parece que a mão do carrasco estava tremendo muito. Mas finalmente conseguiram matá-lo. O homem que a revista Time aclama como sendo um dos "heróis e ícones do Século" adicionava mais uma vítima à sua coleção. Mais um inimigo despachado — amarrado e amordaçado, como de costume. Fidel e Che tinham por volta de 35 anos quando mataram Tony. De acordo com o Livro Negro do Comunismo, seu pelotão de fuzilamento matou outros 14.000 guerreiros da liberdade, todos devidamente amarrados e amordaçados. Muitos (talvez a maioria) de suas vítimas eram jovens por volta de 20 anos. Alguns eram ainda mais novos. O fim de Che Durante todo esse processo, o argentino estava ajudando seu mentor cubano a estabelecer um controle feudal e pessoal que se comprovaria bastante duradouro. Porém, o que pouco se comenta é que a utilidade do argentino para seu mentor não era absolutamente nada duradoura — e logo seu "martírio" passou a ser habilmente planejado. Pena que Del Toro e Steven Sorderbergh, diretor de seu novo filme Che — O Argentino, não tenham entrevistado os ex-funcionários da CIA que revelaram a esse escritor como o próprio Fidel Castro, por meio do Partido Comunista Boliviano, constantemente informava a CIA sobre os paradeiros de Che na Bolívia. As diretivas de Fidel para os comunistas bolivianos em relação a Che e seu bando eram claras. "Nem mesmo uma aspirina", instruiu o líder máximo de Cuba a seus camaradas bolivianos, o que significa que os comunistas da Bolívia estavam proibidos de auxiliar Che de qualquer forma — "nem mesmo com uma aspirina", caso Che reclamasse alguma dor de cabeça. Ainda antes da Revolução, quando estavam em um barco decrépito navegando nas águas turbulentas que ligam Yucatán até a província Oriente, em Cuba, um dos rebeldes encontrou Che caído inconsciente na cabine do barco. Ele correu para avisar o Comandante: "Fidel, parece que Che está morto!" "Bom, se ele está morto", respondeu Castro, "então joguem-no ao mar". Na verdade, Guevara estava sofrendo dos efeitos combinados de um enjôo marítimo e um ataque de asma. Che nunca foi considerado um membro inestimável por Fidel. Mais do que sua crueldade, megalomania e estupidez épica, o que mais distinguia Ernesto "Che" Guevara de seus companheiros era sua manhosa covardia. Suas tietes podem ficar zangadas o quanto quiserem, bater a porta do quarto, cair na cama, espernear e chorar abraçadinhas com o travesseiro, mas o fato é que Che se entregou voluntariamente ao exército boliviano e a uma distância segura. Foi capturado em ótimas condições físicas e com sua arma completamente carregada. Um dia antes de sua morte na Bolívia, Che Guevara, pela primeira vez em sua vida, finalmente enfrentou algo que podia ser adequadamente chamado de combate. Então ele ordenou a seus guerrilheiros que não cedessem um milímetro, que lutassem até o último suspiro e até a última bala. Com seus homens fazendo exatamente o que ele ordenou (lutando e morrendo até a última bala), um Che ligeiramente ferido evadiu-se do tiroteio e se entregou com um pente cheio de balas em sua pistola, enquanto choramingava manhosamente para seus capturadores: "Não atirem! Sou Che! Valho mais para vocês vivo do que morto!" E então ele rebaixou-se desavergonhadamente, tentando desesperadamente se engraçar: "Qual é o seu nome, meu jovem?", perguntou Che a um de seus capturadores. "Ora, mas que nome bonito para um soldado boliviano!" E mais tarde: "E então, o que eles vão fazer comigo?", perguntou Che ao capitão boliviano Gary Prado. "Não creio que irão me matar. Certamente sou muito mais valioso vivo... E o senhor, capitão Prado", adulou Che, "o senhor é uma pessoa muito especial... Andei conversando com alguns de seus homens. Todos lhe têm em alta estima, capitão! E não se preocupe, tudo isso aqui acabou. Nós fracassamos." E então, para adular ainda mais, "seu exército nos perseguiu muito obstinadamente ... agora, será que o senhor por favor poderia descobrir o que eles planejam fazer comigo?" O prazer que Che Guevara tinha em matar cubanos só era possível porque esses cubanos estavam completamente indefesos no momento. Amarrados e vendados, de preferência. E dessa forma eles eram alinhados de frente para o pelotão de fuzilamento e executados. Porém, quando o cenário se alterou e as armas de fogo estavam em posse de outros, o argentino tremeu de medo. Compare a morte de Tony Chao Flores — "Atire bem aqui! Como um homem!" — com a captura de Guevara: "Não atirem! Sou Che! Valho mais para vocês vivo do que morto!" E então pergunte a si próprio: quem deveria ter sua face exposta em camisetas vestidas por jovens que gostam de fantasiar, se imaginarem rebeldes, bravos e adoradores da liberdade? Quem merece um filme de Hollywood? Humberto Fontova é o autor de Fidel: Hollywood's Favorite Tyrant e O Verdadeiro Che Guevara e os Idiotas Úteis que o Idolatram. Fonte: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=260

quinta-feira, 12 de julho de 2012

PL 951 - atentado à CLT, com comentários

O PL 951/11 (criação do Simples Trabalhista) autoria do dep. Júlio Delgado (PSB/MG), tem como relator o dep. federal GUILHERME CAMPOS (PSD/SP) Alguns de seus aspectos: - contratação por prazo determinado; -redução do depósito (FGTS) para 2%; -Criação de banco de horas sem computar as horas extras; -Pagamento do 13o. salário em 6 (seis) parcelas; -Férias fracionadas em 3 (três) períodos; - adoção do juízo arbitral (esta é de lascar! conheço de perto!); - permite o trabalho em domingos e feriados; -enfraquece a organização sindical,, pois o contrato resta acordado entre empregador e empregado (o negociado sobre o legislado); - aviso prévio com horário diferenciado a ser negociado entre empregador e empregado; Mais uma vez o emprego da mentirosa justificativa de que se pretende tirar da informalidade o trabalhador, quando se sabe que se este (informal) for demitido poderá recorrer `a Justiça do Trabalho e além de ter o vínculo reconhecido com anotação do contrato de trabalho na CTPS, receberá ainda todos os direitos que lhe foram negados! O projeto precariza, reduz e flexibiliza os direitos históricos conquistados pelo trabalhador ao longo da história, prejudicando a parte mais vulnerável da relação: o empregado, que ficará refém desta situação, e acuado, ele aceitará o que lhe for imposto! Outro aspecto: ter-se-ão trabalhadores de 1a. e 2a. classes, e o perigo é que passem a demitir os primeiros e contratá-los pelo tal do simples! Já não chega a funesta terceirização? Detalhe: quem defende o projeto é o tristemente célebre JOSÉ PASTORE da USP, um dos mais ferrenhos opositores à Era Vargas e às leis trabalhistas deste saudoso período! Guilherme Campos, relator do projeto, ex-DEM e atual PSD (onde tambérm hoje se encontra a senadora ruralista Kátia), defende a idéia com toda força, e o mesmo pertence à abastada família CAMPOS de Campinas (Casa Campos) e é membro da Associação Comercial de Campínas/sp. E tal PL é inconstitucional, esbarrando nos art. 7o e 179 da Carta Magna. Mas, neste país quase tudo é possível. Já contatei deputados (estadual e federal que conheço) para que intervenham. Esta turminha não dorme de botina! Valter Palma - 02:26 Ao invés de serem combatidas as anomalias degradantes que pejudicam os brasileiros de bem, como por ex., uma das mais altas taxas de impostos que oneram os produtos (automóveis um exemplo clássico), ou o exagero do número de cargos de confiança à disposição dos parlamentares, a impunidade dos crimes de colarinho branco, a legislação penal ridícula (como o benefício de saída dos condenados no dia dos pais/mães, algo que inexiste em outros países), estes parlamentares, com o apoio velado do PT, preferem sangrar o trabalhador brasileiro, contrastando tal atitude com a constante afirmação que, apesar da crise mundial, o Brasil navega em águas tranquilas... e até empresta quantias importantes para "ajudar" entidades monetárias estrangeiras! Clara Maria, Trabalhista - 11 de jul Estão tentando legalizar uma prática adotada pela maioria das redes de supermercados e farmácias, sem pagar horas extras, aliás está prática também é adotada por muitos municípios governados pelo PT. Infelizmente as leis da CLT são ignoradas pela grande maioria dos empresários nacionais. Rodrigo Nunes Ricardo - 11 de jul O que mais me deixa assustado é que o autor do projeto é um deputado SOCIALISTA ( do PSB )... esses socialistas tupiniquins hein... pela madrugada, são de fazer inveja à UDN... aliás... o PSB, originalmente, foi fundado em 1946 por uma DISSIDÊNCIA da UDN... ou seja, o "socialismo" tupiniquim tem DNA udenista, então certas coisas não podem mesmo assustar ou surpreender. Mauro Beznos - 11 de jul Nossos socialistas e comunistas são o que a direita adora. Clara Maria, Gostou? Valter Palma - 02:26 Ao invés de serem combatidas as anomalias degradantes que pejudicam os brasileiros de bem, como por ex., uma das mais altas taxas de impostos que oneram os produtos (automóveis um exemplo clássico), ou o exagero do número de cargos de confiança à disposição dos parlamentares, a impunidade dos crimes de colarinho branco, a legislação penal ridícula (como o benefício de saída dos condenados no dia dos pais/mães, algo que inexiste em outros países), estes parlamentares, com o apoio velado do PT, preferem sangrar o trabalhador brasileiro, contrastando tal atitude com a constante afirmação que, apesar da crise mundial, o Brasil navega em águas tranquilas... e até empresta quantias importantes para "ajudar" entidades monetárias estrangeiras! Rodrigo Nunes Ricardo - 19:29 Valter isso tudo é também resultado do tipo de sociedade, do tipo de mentalidade demente que nós temos hoje. No passado, nos bons tempos da VERDADEIRA democracia, aquela democracia da Constituição de 1946, o povo se mobilizava e ia às ruas por causas dignas, patrióticas: pela nacionalização do petróleo, pela reforma agrária, pela Legalidade, enfim, por causas de desenvolvimento econômico e Justiça Social. Eram essas as causas que levantavam o povo e a juventude daquela época. Hoje o cenário é totalmente diferente: as passeatas são por causas espúrias como a legalização da maconha e o casamento gay. Hoje ninguém mais vai para as ruas em defesa da Nação e dos trabalhadores, hoje se vai para as ruas para se exaltar a falta de vergonha na cara, a pederastia e o pseudo-direito de se entorpecer à vontade. Onde está a UNE??? Cadê a UNE que nos tempos de Vargas, Juscelino e Jango agitava a bandeira do nacionalismo??? A UNE que começou tão bem sua História, indo para as ruas exigir a entrada do Brasil na II Guerra Mundial, hoje é a UNE comandada pelos vagabundos do PCdoB, é hoje uma entidade atolada em escândalos de corrupção, favoritismo governamental e até mesmo da promoção de reuniões onde ocorrem orgias e consumo de drogas. Esses são a moralidade e o senso de "nacionalismo" do País no qual vivemos hoje. A CUT planeja ir para as ruas em defesa dos acusados do Mensalão.Não se faz mais um movimento sério neste País. Quando ocorrem passeatas que não são pró-drogas ou pró-boiolagem, são passeatas inócuas, inúteis, contra a corrupção e contra a violência. Ninguém faz UMA passeata sequer em prol da melhoria do ensino público, mas são vorazes para exigir absurdas cotas raciais. Enfim, viramos o País dos aproveitadores, das causas indignas e das manifestações inócuas. Num País desse os reacionários só podem mesmo se sentir totalmente à vontade para torpedearem o Legado de Vargas; os reacionários estão vendo à quantas andam os graus de "politização" e "consciência" do povo e da juventude, e sentem que o terreno está propício para tentarem aquilo que sonham desde 1945: a destruição da CLT. Rodrigo Nunes Ricardo - 19:36 Impossível não comparar o Brasil com a França... lá na França as passeatas são pelos direitos dos trabalhadores, não ouvimos falar dos franceses fazendo "marchas da maconha" ... tampouco nunca ouvi falar de parada gay em Paris... Carlos Neves - 21:41 Lobotomia Geral Sabe meu caro Valter, de certa forma eu começo a namorar com aquela Teoria do "Quanto Pior Melhor". Vivemos num Mundo Lobotomizado e falo do Mundo e não apenas do Brasil. A França funciona apenas como a Exceção que chega pra validar a Regra. Peguemos a insípida reação do Mundo quanto ao Estupro cometido pelos EUA contra o Iraque. Primeiro apareceu a argumentação de que Saddam financiava Terroristas. Saddan não fazia isso. Então vieram com a Bomba Atômica Iraquiana. Os próprios técnicos da ONU desmentiram isso. Aí foram as Armas de Destruição em massa que nunca existiram, então foi a vez do "Ah, vamos invadir porque a Saddan é Ditador, malvado e pronto". E ficou tudo por isso mesmo. Aqui no Brasil está tudo uma merda. A Indústria Paulista só hoje botou 7 mil trabalhadores no olho da rua; a Economia está estagnada e em alguns segmentos caminha a passos de caranguejo; a Saúde adoeceu; Greves estão pipocando em todos os lados e em algumas delas os Trabalhadores pedem (pasmem) apenas 6% de aumento; O PIB deve crescer abaixo dos 2% e alguns economistas trabalham com taxa de crescimento desse mesmo PIB abaixo até de 1%; a Violência e a Corrupção atingem níveis jamais vistos na História; em cidades da Zona Metropolitana do RIO (imagina no Nordeste e no Centro-Oeste) a índice de Analfabetismo atinge 50% da população, chegando até 58% em municípios como Japeri e Queimados... Ai o governo inunda as Mídias com propaganda de Estatais (Banco do Brasil, Caixa, Petrobrás...) estreladas por atores da Globo apresentando um Brasil maravilhoso e tudo fica bem. Não podemos mais continuar com aquela atitude coitadista das décadas de 60 e 70 em que a culpa era de um Governo Ditatorial que promovia a Burrice. Chegou a hora do Povo e principalmente das Classes mais esclarecidas como a Classe Média pagar o preço pelo cultivo da Alienação Conivente. Estou me tornando cada vez mais Radical, cada vez mais Trabalhista Radical, cada vez mais Socialista Radical. Estou me tornando cada vez mais indignado não só com o Conservadorismo Corrupto, mas também quanto a "Inocência Útil" das pessoas que tem preguiça de pensar. Se o Povo e a Classe Média apenas reagem na Porrada que venha a Porrada. Desisto das pequenas vitórias paliativas. Fonte:http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=71366&tid=5763673986155241543

domingo, 8 de julho de 2012

Agentes do Estado ainda torturam sistematicamente

por Ana Aranha, com colaboração de Jessica Mota “Zero Um” é o mais nervoso dos quatro policiais militares que revistam a casa de Marlene. Depois de encontrar um cigarro de maconha, além de um relógio, munição e um computador roubados, os PMs a levam para o quarto algemada, fazem com que ajoelhe e desferem uma rodada de tapas no seu rosto, coronhadas na cabeça e chutes pelo corpo. É de “Zero Um” a ideia de pegar um saco plástico: “Não vai falar, vagabunda?”. Ele coloca o saco preto ao redor da cabeça de Marlene. Ela desmaia. O nome da vítima foi trocado, para preservar sua identidade, mas o apelido “Zero Um” é verídico, escolhido pelos PMs entre os codinomes usados pelos personagens de Tropa de Elite – filme que retrata a ação do grupo de elite da polícia militar do Rio de Janeiro. Eram dez horas da noite do primeiro dia de 2012 quando a camareira de 28 anos autorizou a entrada dos policiais em sua casa, que fica em um bairro pobre de Manaus. Ela estava grávida de 5 meses, perdeu a criança dois dias depois. A “técnica” do saco no rosto para extrair informação também aparece nas cenas de Tropa de Elite. Na vida real, era o início de uma sessão de mais de duas horas de tortura – relatados por Marlene à reportagem da Pública que a visitou na Cadeia Pública Feminina “Desembargador Raimundo Vidal Pessoa”, onde está presa desde então por posse de objetos roubados. Marlene acordou do desmaio provocado pela falta de ar dentro do saco preto com um jato de spray de pimenta no rosto e foi arrastada para a cozinha. Mais uma vez, foi de “Zero Um” a ideia: esquentar objetos metálicos no fogão. Os policiais usaram suas próprias ferramentas de trabalho para queimá-la: primeiro, a algema, pressionada em brasa contra sua perna esquerda com a ajuda de um alicate. Depois, a ponta do cano do revólver, dentro da pele queimada pela algema – formando dois círculos circunscritos. As marcas deixadas pela polícia no corpo da camareira são inconfundíveis. São a prova de que eles não temiam punição. Embora amplamente conhecida pela população, a tortura cometida por agentes da lei é um tabu para a Justiça. Raramente condena-se um policial ou um agente carcerário pelo crime. Uma enraizada cultura de resistência da própria corporação dificulta o julgamento, a investigação e produção de provas. Isso quando a vítima consegue registrar a denúncia, vencendo outra série de obstáculos antes da abertura do inquérito. O silêncio realimenta o crime ao dar a segurança da impunidade aos policiais violentos. Comissão da verdade: tortura ontem e hoje A recente criação da Comissão da Verdade, em maio desse ano, foi considerada um passo importante para quebrar o ciclo histórico da violência praticada por agentes do Estado no país. A cerimônia de lançamento do grupo, que deve trazer à tona os relatos sobre tortura e homicídio cometidos pelo regime militar, contou com um discurso emocionado da presidenta Dilma Rousseff, ela mesmo uma vítima da tortura em 1970. O mesmo governo que lança luz sobre os crimes do passado, porém, faz pouco sobre a tortura que acontece no presente. É isso que diz um duro relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), que o governo manteve sob sigilo por quatro meses. Quando o documento foi divulgado, em 15 de junho, não foi difícil entender o porquê: o documento aponta diversas brechas e falhas no combate ao crime dentro das instituições brasileiras. Com base em visitas a presídios e entrevistas no Brasil, o Subcomitê de Prevenção à Tortura (SPT) faz recomendações concretas sobre como os governos podem – e devem – combater o crime. E destaca que pouco mudou desde a última visita do grupo, em 2001. “O SPT recorda que muitas das recomendações feitas no presente relatório não estão sendo apresentadas ao Brasil pela primeira vez”, diz o documento. “Infelizmente, o SPT detectou muitos problemas semelhantes aos identificados nas visitas anteriores”. Um dos compromissos mais simples assumidos pelo governo brasileiro com a ONU era o de criar, até 2008, um mecanismo nacional para combater a tortura, que teria um comitê responsável por organizar os dados estatísticos, promover medidas de prevenção ao crime e fazer visitas sistemáticas a presídios e delegacias. Nem isso foi feito. O Projeto de Lei que criava o mecanismo só foi enviado ao Congresso em setembro de 2011, o mesmo mês em que o subcomitê voltava a visitar o país. Hoje, aguarda votação. Caixa preta É difícil ter uma dimensão da prática da tortura no Brasil, pois não há um órgão que centralize as denúncias contra policiais civis e militares e agentes carcerários. Cada polícia estadual tem sua ouvidoria (civil) e corregedoria (militar), e o sistema penitenciário tem sua própria corregedoria. A Pública solicitou os dados de denúncia de violência em cada uma dessas instituições, em todos os estados. Foram 57 ouvidorias contatadas (em alguns estados, a ouvidoria da polícia é unificada) e 18 responderam. Ou seja, menos de um terço dos órgãos em que a informação foi solicitada. Embora restritos, os dados dão uma ideia da dimensão do crime. Foram 1.356 denúncias de tortura, agressão física e lesão corporal praticadas por policiais e agentes penitenciários em 14 estados entre 2010 e 2011. A Lei de Acesso à Informação, aprovada junto com a instituição da Comissão da Verdade, diz que os órgãos do Estado têm o dever de passar informações públicas quando solicitados. “Por essa lei, os dados de direitos humanos nunca mais poderão ser reservados, secretos ou ultra secretos”, disse Dilma no discurso que saudou a aprovação da lei. Na prática, os órgãos públicos ainda encontram variadas maneiras de negar o acesso à informação. Dados solicitados com até 3 semanas de antecedência não foram fornecidos a pretexto de “falta de tempo”, e algumas ouvidorias simplesmente se recusaram a prestar a informação. “Não passo porque o tratamento que o jornalista dá é de servir essa máquina do capitalismo, é para vender”, disse o coronel Lourival Camargo, corregedor da polícia militar de Goiás. A falta de preparo das instituições para entender a função dos órgãos em que atuam também ficou evidente diversas vezes. Um exemplo: questionado sobre denúncias de violência contra agentes penitenciários, o funcionário de uma ouvidoria do sistema penitenciário (que tem como principal função receber denúncias contra os agentes do sistema), não escondeu seu estranhamento: “Agressão ao preso? Você não quer dizer ao agente? Você quer saber quantos presos bateram nos agentes, né?”. Submarino e microondas Segundo levantamento da Pastoral Carcerária em 2010, organização que visita presídios em todos os estados, a prática de tortura por parte de agentes públicos foi documentada em 20 dos 26 estados acompanhados. Os relatos coletados entre as vítimas vão de espancamentos pela polícia civil e militar no momento da prisão a agressões dentro das unidades de detenção (veja alguns relatos neste vídeo). As mais comuns são feitas com porrete, cano da arma e com o uso das mãos e botas. José Dias de Jesus Filho, assessor jurídico da pastoral, que acompanha todos os casos que passam pela entidade, descreve outras “técnicas” relatadas: “Além do saco plástico, tem o microondas, que é quando deixa o preso por horas dentro do carro no sol, ou quando coloca ele algemado no camburão e corre, fazendo ziguezague”, ele explica. “O submarino é quando enfia a cabeça da pessoa na água. E tem muito choque nos testículos com o teaser”. Há ainda as técnicas específicas para as mulheres, que são variações da violência sexual. “Eles passam a mão no corpo, deixam a mulher nua na frente do batalhão ou levam para um lugar ermo onde ela acha que vai ser violentada”. Marcia Honorato, colaboradora do Comitê para Prevenção à Tortura no Rio de Janeiro, acrescenta: a violência não é só contra pessoas que estão presas. Em contato com mais de 15 comunidades carentes do Rio, ela recebe relatos de violência sistemática de policiais contra os moradores dos morros cariocas, inclusive aqueles que foram “pacificados”. “Eles espancam e torturam sob a justificativa do desacato. Qualquer coisa é desacato, uma festa com som mais alto, uma resposta que eles não gostam”, afirma. “A pessoa fica arrebentada e ainda vira réu”. Segundo ela, as agressões mais comuns são com escopeta na cabeça, socos no rosto e chute na boca do estômago e nas costas. “Isso é o que as pessoas veem a céu aberto e nos contam. Outras violências, que acontecem dentro das casas, nós nem ficamos sabendo”. Por que se tortura E por que se tortura? Com base nas denúncias que colheram nos presídios de 1997 a 2009, a Pastoral concluiu no Relatório Sobre Tortura de 2010 que a Polícia Civil tortura para obter informação ou forçar a confissão de um crime; a PM tem o castigo como primeiro motivo e, em segundo lugar, obter uma confissão; e os agentes penitenciários agridem para castigar. O relatório da entidade também aponta a relutância das autoridades responsáveis por receber e apurar as denúncias como o principal motivo para a impunidade, ou seja, as ouvidorias ou corregedorias. Luiz Gonzaga Dantas, ouvidor da polícia do estado de São Paulo, reconhece que as corregedorias e ouvidorias ainda não têm a autonomia necessária para exercer o papel de fiscalização que deveriam desempenhar. E defende uma das recomendações feitas pelo relatório da ONU: um plano de carreira independente para os funcionários desses órgãos. “Ocorre de policiais que trabalham na ouvidoria irem trabalhar com as equipes que puniram. E aí, como ele fica?”, questiona Dantas. Os corregedores lidam com outra limitação grave: depois de receber a denúncia contra um policial, eles entram com um procedimento inicial e pedem a abertura de um inquérito. Esse inquérito volta para a polícia, que é quem conduz a investigação. No caso de denúncia contra policiais civis, por exemplo, o responsável pelo inquérito que vai investigar crimes cometidos pelos colegas é da mesma corporação. Quando tentam quebrar o ciclo de silêncio, mentira e impunidade, presos e seus familiares chegam a ser ameaçados pelos agentes, como aconteceu com a Associação de Amigos e Familiares de Presos, a Amparar, que trabalha com mães de adolescentes internados na Fundação Casa, em São Paulo, para incentivar as denúncias de tortura. “Famílias que denunciam são humilhadas e expostas. Eles chamam a mãe numa sala com vários funcionários e perguntam por que ela tomou aquela atitude. Se sabe que isso pode fazer com que seu filho fique lá ainda mais tempo”, diz o representante da Amparar que pede para não ser identificado por temer – ele próprio – retaliações. Ele conta que, na segunda semana de junho, diversos pais procuraram a Amparar para relatar violências cometidas contra seus filhos na unidade Raposo Tavares da Fundação Casa. Os agentes foram especialmente cruéis com os internos: “Um dos adolescentes estava com a mão machucada, os agentes bateram sistematicamente nessa mesma mão. Outro estava ferido na cabeça, ele tinha apanhado com o cassetete até rasgar. De novo bateram na cabeça dele”, afirma. “É importante ressaltar que essas não são violências isoladas, isso acontece com frequência. É a pedagogia do cassetete”. Morte na Polinter e a manipulação de perícias A história de Indaiá Mendes Moreira mostra a gravidade e a urgência de se obter controle sobre as forças policiais. Em menos de dois meses, seu filho foi preso por tentativa de assalto, torturado e morto dentro da carceragem da Polinter de São Gonçalo, Rio de Janeiro. Em fevereiro de 2009, ao receber a notícia sobre a prisão de Vinícius Moreira, então com 20 anos, Indaiá foi a duas carceragens verificar onde ele estava. Mas os agentes se recusaram a dar informação. Ela teve que ameaçar chamar a imprensa para ter a confirmação de onde o filho estava preso. Depois de um mês de visitas, Indaiá já estava assustada com as histórias que ouvia na fila: casos de detentos sendo agredidos, extorquidos e ameaçados pelos policiais. “Teve um dia que um agente falou bem alto pra uma mãe na fila: “A senhora quer seu filho? Vai procurar no IML [Instituto Médico Legal]’”. Ela lembrou da frase ao acordar com um mau pressentimento na manhã de visita e ligou para o advogado para que a acompanhasse até a carceragem. Lá, foi informada que seu filho estava doente e tinha saído há poucas horas para o hospital. Correu para lá e os médicos disseram que Vinícius havia sido levado para o hospital na noite anterior, mas nem chegou a sair do carro da Polícia Civil. “Na porta já mandamos levar ao IML”, ela ouviu do médico. No IML, a família notou diversas marcas de agressão no corpo de Vinicius, que não estavam no laudo entregue pelo instituto. Proibidos de fotografar o corpo, os familiares tiveram que despi-lo no dia seguinte, pouco antes do enterro, para registrar os machucados. Mesmo com a repercussão na imprensa, o inquérito foi arquivado em abril desse ano. Um dos argumentos do promotor é que não seria possível determinar quem matou Vinícius. Peritos coniventes com a tortura Como a ouvidoria, a perícia médica também padece do vício de ser ligada à corporação policial. “Há muitos estados em que a perícia é diretamente subordinada à administração da polícia civil, como o Rio de Janeiro e Minas Gerais”, afirma a médica legista Débora Vargas, membro do Grupo de Peritos Independentes para a Prevenção da Tortura e da Violência Institucional, ligado à Secretaria dos Direitos Humanos. “Nossa visão é aproximar a perícia de um serviço técnico, distanciar dos órgão de repressão”. Ela cita o exemplo de Portugal, onde os grupos de perícia são ligados às universidades. A autonomia da perícia é outra recomendação feita pelo relatório da ONU, e sua importância já foi aferida na prática pela Pastoral Carcerária: muitos detentos agredidos no momento da prisão, portanto, antes do exame médico obrigatório ao ingressar no presídio, não têm as marcas das sevícias registradas nos laudos. Segundo algumas denúncias feitas à entidade, alguns policiais esperam de 15 a 20 dias para levar o preso ao médico – período em que as marcas cicatrizam. Também é muito comum que o mesmo policial que comete a agressão leve o preso ao médico e, em muitos casos, acompanha o exame. “Isso acontece no Brasil inteiro”, afirma Débora. “Temos dificuldade de fazer com que PM e polícia civil aceitem que o preso deve ficar na sala sozinho com o médico legista”, diz. Há casos extremos em que os médicos nem olham para as vítimas, como ocorreu segundo denúncia na cidade de Tefé (650 quilômetros de Manaus), feita por quatro detentos à equipe da Pastoral. Suspeitos de tráfico de drogas, eles contam que ficaram quatro dias amarrados dentro de um barco antes de serem conduzidos à prisão: “Presos em correntes, esmurrados e sufocados com o saco plástico na cabeça. Ameaçados com armas de fogo apontadas para suas cabeças,” descreve o relatório da Pastoral. Ao final desses dias, os quatros presos foram levados para o exame de corpo de delito. “Ao chegarem na clínica, permaneceram na viatura e o comandante trouxe o laudo já assinado pelo médico”, descreve o relatório. Segundo testemunha que viu o exame, mas prefere não se identificar, o único registro no documento é de marca da algema. O relatório cita nominalmente um major da Polícia Militar como autor das diversas torturas relatadas por esse e outros presos da cidade. O documento foi encaminhado à Defensoria e Ministério Público. A tortura psicológica e a carta de suicídio Se sociedade e governo não reagirem, a violência policial, especialmente contra os detentos, ela tende a se agravar com a superlotação dos presídios, alerta o padre Valdir João Silveira, coordenador nacional da Pastoral Carcerária. Entre 2005 e 2011, o número de presos cresceu 42%, aponta o padre. Só em São Paulo, que tem a maior população carcerária do país, 2011 terminou com 9.417 presos a mais que 2010 – o que dá uma média de 25 presos novos por dia no estado. Para o padre Valdir, a necessidade de contenção aumenta com a superlotação, gerando mais violência. “A tortura acontece como castigo para que os presos não se amotinem, não reivindiquem, não peçam para ser lembrados de que estão vivos”, afirma Luciano Mariz Maia, Procurador da República em Recife e membro do Comitê Nacional Contra a Tortura. Nem sempre a violência cruel que define a tortura se expressa em pancadas e sufocamentos. Nos relatos colhidos pela pastoral, há casos de presos que dormem no chão sujo da cela e até no chão do banheiro, presos que disputam espaço com ratos durante a noite, celas que ficam constantemente molhadas devido a vazamentos e presos que têm constantes infecções alimentares e alergias na pele devido à comida inadequada.Tudo isso, segundo o procurador, é tortura. José Carlos Brasileiro, presidente e fundador do Instituto Nelson Mandela, organização civil que nasceu dentro do sistema carcerário, alerta para a tortura psicológica que essas situações provocam: “A força do terror psicológico é dos maiores: ele condiciona a pessoa à inferioridade, humilhação, ao medo constante. A pessoa vai pro isolamento, leva porrada, fica com a mão para trás e cabeça curvada. Imagina quais são as consequências desse tratamento no longo prazo?” Foi esse cenário que levou o detento Célio Rodrigues a pensar em suicídio e manifestar essa intenção em uma carta manuscrita em junho do ano passado. A carta foi entregue à Pastoral Carcerária por um colega de cela depois que Célio morreu, após deixar a prisão de São Gabriel da Cachoeira, Amazonas. Preso há “6 longos anos”, Célio escreveu: “Já passei por tantas humilhações nesse lugar principalmente agressões verbais e agora físicas também. Tô sofrendo muito e pra completar, (…) dois cabos entraram na cela e tiraram os materiais de uso pessoal e higiênico (…) ainda me agrediram fisicamente”. E continua: “Por eu ser o detento mais antigo, sei de muitas coisas, coisas que eles fazem de errado aqui nesse lugar, (…) como a entrada de celulares, entorpecentes e algumas outras facilitações, e também agressões da parte deles com outros detentos e isso acontece sempre. Eles sabem que eu sei de tudo isso, tenho muito medo deles fazerem alguma coisa comigo, é por isso e outras coisas, abandono da família, que tento me matar. Embora eu saiba que quando sair daqui eles vão querer me matar”. Vexame e tortura também entre familiares dos presos “Existe um preconceito arraigado entre os que operam no sistema de Justiça de que a pessoa com uma condenação – ou suspeita de um crime – está desprovida de um atributo inerente ao ser humano: a dignidade”, afirma Kenarik Boujikian, desembargadora do Tribunal de Justiça de São Paulo e co-fundadora da associação Juízes para a Democracia. Em muitos casos, essa visão se estende à família dos presos, ela observa, principalmente em relação às mulheres que vão visitar seus maridos ou parentes na cadeia. O procedimento padrão de revista em muitas penitenciárias do país é fazer a mulher tirar toda a roupa e abaixar seis vezes (três de frente, três de costas) na frente da agente penitenciária. Um procedimento que pode ser considerado tortura pela imposição de sofrimento psicológico contínuo como explica Cristina Rauter, psicóloga da Universidade Federal Fluminense e membro da equipe clínica do Grupo Tortura Nunca Mais. “É uma situação delicada que conjuga estereótipos da sexualidade, proibições e vergonhas. Você ser obrigado a se desnudar na frente dos outros e mostrar as partes sexuais já mexe com muitos tabus, proibições, valores. Fazer isso associado à suspeita de um crime é muito cruel. Eles sabem que o familiar já tem vergonha por estar ali e exploram isso”. A costureira Patrícia Okorie, que entre 2010 e 2011 visitava mensalmente o marido na penitenciária Franco da Rocha 2, na grande São Paulo, já estava acostumada com esse procedimento. “Eu só não gostava quando mandavam abrir a vagina com as mãos”, lembra. “Mas a gente evita reclamar”. Os largos limites de sua tolerância foram testados numa manhã de setembro de 2011. Patrícia chegou cedo, era a quarta da fila. Quando abaixou pela primeira vez na sala de revista, a agente colocou as mãos em seus joelhos, forçando para que ela abrisse as pernas. “Eu disse que não permitia aquilo, ela se irritou e chamou uma PM”. Enquanto esperava, Patrícia era humilhada pela agente, que insistia que ela escondia drogas na vagina. Ao final da segunda revista (dessa vez segurando a respiração enquanto abaixava na frente de duas agentes e da PM), Patrícia chorou e desabafou: “Você me acusou injustamente, vou procurar os meus direitos”. Por mencionar seus “direitos”, Patrícia foi acusada de desacato à autoridade com suspensão de direito de visita por 30 dias, e obrigada a ir a um hospital fazer uma revista “ginecológica” – exame feito por um ginecologista para buscar drogas dentro da vagina. “Tive que assinar um papel dizendo que estava indo de livre e espontânea vontade. Eu disse que não era verdade e me mandaram calar a boca”. No hospital, Patrícia conta que esperou a médica, que estava em cirurgia, por horas. Quando entrou no consultório, a médica pediu que ela deitasse na maca com os pés para o alto. “Achei que iam fazer ultrassom, quando vi que era exame com as mãos fiquei com muito medo”. A médica introduziu então um “aparelho que girava”, provavelmente um espéculo vaginal, ferramenta que abre o canal vaginal em direção ao útero, utilizada em exames de rotina. Assustada e sem entender o que ia acontecer, ela contraiu os músculos abdominais, fazendo força para resistir ao movimento do espéculo. “A cada vez que ela rodava aquela máquina por baixo, doía. Teve uma hora que ouvi um estalo e senti muita dor, segurei o braço da médica e pedi pra ela parar”, afirma. “No final do exame, fiquei em pé e vi um fio de sangue escorrer pela minha perna”. A médica não encontrou nenhum substância ilícita no interior do corpo de Patrícia. Atormentada pela humilhação, sem conseguir dormir, Patrícia pesquisou seus direitos na Internet e achou a Ação dos Cristãos para a Abolição da Tortura (ACAT), que dá assistência psicológica e jurídica às vítimas. Resolveu entrar com um processo de tortura contra a agente, mas conta que foi chamada pela direção do presídio e recebeu uma ameaça: se continuasse, o marido seria transferido “para bem longe”. Logo depois de ser chamada pelo diretor, ela foi visitar o marido. “Eles foram bem educados, nunca fui tão bem tratada ali dentro”, ela lembra. “Foi tudo direitinho: três de frente, três de costas”. Só quando o marido saiu da cadeia, Patrícia pode entrar com uma ação contra as agentes do presídio. Impunidade Mesmo quando conseguem denunciar os crimes de tortura e entrar com ações judiciais, ainda é preciso conseguir um julgamento justo, o que é bastante difícil. Os problemas começam com a própria lei contra tortura, de 1997, que estabelece que o crime pode ser praticado por qualquer pessoa – não apenas agentes do Estado. Isso significa que a mesma lei que enquadra as violências praticadas por “Zero Um”, de Manaus, também vale para babás que batem em crianças. “A lei é genérica, deixa frouxa a interpretação para os tribunais, quase não tem sido utilizada para reprimir”, afirma o procurador Luciano Maia, do Comitê Nacional Contra a Tortura. “O principal propósito da criação dessa lei é evitar que policiais, agentes penitenciários ou autoridades públicas deliberadamente inflijam violência física e mental a pessoas submetidas a sua autoridade”, argumenta. “Mas quase não tem sido utilizada para isso”. A tendência da Justiça é condenar mais civis do que agentes do estado por tortura revela uma pesquisa do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo, que analisou o desfecho de 57 julgamentos de acusados de tortura que passaram pelo Tribunal de Justiça de São Paulo entre 2000 e 2008. A pesquisadora Maria Gorete Marques mapeou os resultados em primeira instância que envolviam 203 réus, dos quais 181 eram policiais ou agentes penitenciários e 22 eram civis. A pesquisadora chegou à conclusão que a proporção que se inverte na hora da condenação: apenas 18% dos agentes julgados foram condenados por tortura, contra 59% dos civis. Ou seja, a taxa de condenação dos agentes do estado foi três vezes inferior à condenação de civis. O procurador Luciano, que em sua tese de doutorado analisou sentenças de casos de tortura praticada por agentes do Estado diz que o policial já entra em vantagem no sistema que vai julgá-los: “O sistema jurídico evoca o tempo todo a credibilidade do cargo, a presunção de que ele aja corretamente”, diz. Em uma sentença de Brasília, Luciano encontrou a seguinte afirmação: “A polícia não tem necessidade de recorrer a qualquer espécie de constrangimento para apurar a autoria do delito”. Já em São Paulo, o mesmo desembargador usou o mesmo argumento em oito casos diferentes:“ [os policiais] Jamais iriam correr o risco de responder pelo crime de abuso de autoridade ou de denunciação caluniosa para incriminar alguém que sequer conheciam e com quem não tiveram qualquer desentendimento”. Todos os policiais dos casos citados foram absolvidos, prolongando o sofrimento das vítimas. Como observa a psicóloga Cristina Hauter, que atende vítimas de tortura da ditadura militar e atuais, a impunidade atrapalha o processo de recuperação, especialmente quando a fala da vítima não é considerada como prova e o processo é arquivado: “Vem um sentimento de desacreditar na justiça, no Estado. As relações de confiança são quebradas e eles se sentem profundamente injustiçados. Esse é o quadro mais complicado de trabalhar”, explica. Dilma e o legado da ditadura A visão distorcida da justiça para os casos de tortura policial está ancorada na opinião de um grupo crescente da população – atualmente, quase a metade dos brasileiros. De acordo com pesquisa do Núcleo de Estudos da Violência, feita em 12 capitais, apenas 52% das pessoas ouvidas em 2010 “discordavam totalmente” da ideia de que os tribunais devem aceitar provas obtidas através de tortura. Porcentagem bem menor daquela de 1999, quando respondendo à mesma pergunta, 71% dos entrevistados declararam “discordar totalmente” da prática. Ainda é difícil prever qual será a influência da Comissão da Verdade no combate à tortura de hoje ao trazer de volta os crimes cometidos no passado. Também é difícil determinar quanto da “tradição” do período militar é responsável pelas práticas policiais dos dias de hoje. Para a desembargadora Kenarik, porém, esse legado de violência foi incorporado à cultura das instituições. “Naqueles anos, havia certos grupos tidos como ‘inimigos do estado’, eles podiam ser torturados. Hoje, apenas mudou o ‘inimigo’”, ela diz. Tim Cahill, pesquisador da Anistia Internacional para o Brasil, que também faz visitas aos presídios, considera evidente a ligação entre o crime nos dias de hoje e os cometidos no passado, mas ressalta que isso não torna mais difícil enfrentá-lo. “Algumas pessoas dizem que o problema de tortura no Brasil é cultural, como se fosse uma herança inevitável, mas não é verdade”, afirma. “Cada ato é um crime e ele só persiste porque não há uma ação do estado para coibir”. Cahill se recorda do estrago causado pela fala da presidenta Dilma, ela mesma vítima de torturas durante a ditadura, sobre o tema na Universidade de Harvard em abril desse ano. Depois de palestra, a presidenta foi indagada por um aluno sobre o caso de uma prisioneira política na Venezuela. Em sua resposta, ao justificar porque não se meteria na política do outro país, Dilma mandou uma mensagem perigosa: “Eu sei o que acontece, não tenho como impedir que em todas as delegacias do Brasil de haver tortura”. Em resposta, 15 organizações que trabalham com o combate à tortura no Brasil, entre elas a Conectas, a ACAT e a Pastoral, soltaram uma nota de repúdio: “É muito grave que a autoridade máxima do País se declare incapaz de coibir o crime de tortura nas delegacias. E é ainda mais grave que tenha escolhido um momento de enorme visibilidade para fazer tal declaração. Fonte: http://www.institutojoaogoulart.org.br/noticia.php?id=6149

Ditadura destruiu mais de 19 mil documentos secretos

RUBENS VALENTE DE BRASÍLIA Guardado em sigilo por mais de três décadas, um conjunto de 40 relatórios encadernados detalha a destruição de aproximadamente 19,4 mil documentos secretos produzidos ao longo da ditadura militar (1964-1985) pelo extinto SNI (Serviço Nacional de Informações). As ordens de destruição, agora liberadas à consulta pelo Arquivo Nacional de Brasília, partiram do comando do SNI e foram cumpridas no segundo semestre de 1981, no governo de João Baptista Figueiredo (1979-1985). 'Foi tudo de acordo com a lei', diz general que chefiava extinto SNI Do material destruído, o SNI guardou apenas um resumo, de uma ou duas linhas, que ajuda a entender o que foi eliminado. Dentre os documentos, estavam relatórios sobre personalidades famosas, como o ex-governador do Rio Leonel Brizola (1922-2004), o arcebispo católico dom Helder Câmara (1909-1999), o poeta e compositor Vinicius de Moraes (1913-1980) e o poeta João Cabral de Melo Neto (1920-1999). Alguns papéis podiam causar incômodo aos militares, como um relatório intitulado "Tráfico de Influência de Parente do Presidente da República". O material era relacionado ao ex-presidente Emílio Garrastazu Médici, que governou de 1969 a 1974. Outros documentos destruídos descreviam supostas "contas bancárias no exterior" do ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros ou a "infiltração de subversivos no Banco do Brasil". Boa parte dos documentos eliminados trata de pessoas mortas até 1981. A análise dos registros sugere que o SNI procurava se livrar de todos os dados de pessoas mortas, talvez por considerar que elas não eram mais de importância para as atividades de vigilância da ditadura. LEGISLAÇÃO Algumas das ordens de destruição foram assinadas pelo general Newton Cruz, que foi chefe da agência central do SNI entre 1978 e 1983. Em entrevista por telefone realizada na semana passada, Cruz, que está com 87 anos, disse que não se recorda de detalhes das destruições. Mas afirmou ter "cumprido a lei da época". A legislação em vigor nos anos 80 abria amplo espaço para eliminações indiscriminadas de documentos. Baixado durante a ditadura, o Regulamento para Salvaguarda de Assuntos Sigilosos, de 1967, estabelecia que materiais sigilosos poderiam ser destruídos, mas não exigia motivos objetivos. Bastava que uma equipe de três militares decidisse que os papéis "eram inúteis" como dado de inteligência militar. A prática da destruição de papéis sigilosos foi adotada por outros órgãos estatais. Como a Folha revelou em 2008, pelo menos 39 relatórios secretos do Exército e do extinto Emfa (Estado-Maior das Forças Armadas) foram incinerados pela ditadura entre o final dos anos 60 e o início dos 70. Segundo quatro "termos de destruição" arquivados pelo CSN (Conselho de Segurança Nacional), órgão de assessoria direta do presidente da República, foram queimados documentos nos anos de 1969 e 1972. Continuem lendo no site:http://www.institutojoaogoulart.org.br/noticia.php?id=6157

A Desnacionalização da Economia

"A DESNACIONALIZAÇÃO DA ECONOMIA – II Adriano Benayon * - 18.11.2010 1. QUADRO GERAL Os investimentos diretos estrangeiros (IDEs) registrados no Brasil de 1947 até 2008 totalizaram U$ 222,6 bilhões de dólares. Entretanto, as rendas remetidas do Brasil para o exterior, apenas entre 1995 e 2008, somaram US$ 292,2 bilhões. 2. As rendas incluem a remessa oficial de juros e de lucros, e estes, que corresponderam a mais de 3/5 dessas remessas, são somente a ponta do iceberg das reais transferências de ganhos para o exterior. De fato, o grosso delas se realiza através das contas de serviços e da fixação de preços superfaturada nas importações e subfaturada nas exportações de mercadorias. 3. Com cinismo e/ou com a mesma ignorância de sempre, os enganadores a serviço do saqueio do Brasil continuam recitando a antiga lenda de que os investimentos diretos estrangeiros (IDEs) capitalizam a economia brasileira e geram grandes investimentos na produção. 4. A lenda é falsa. A maior parte dos investimentos diretos estrangeiros não é empregada em nova produção. Eles são usados pelas transnacionais principalmente para assumirem, por meio de aquisições e fusões, o controle de atividades produtivas pré-existentes, quase sempre criadas com capitais de empresas brasileiras. 5. As fusões e aquisições seguem crescendo assustadoramente. Calcula-se que o total delas em 2010 superará o de 2007, quando atingiram R$ 136,5 bilhões, o equivalente a US$ 80 bilhões, sendo certamente mais de 80% disso, i.e., US$ 64 bilhões, por parte de transnacionais. 6. Essa quantia é muito superior à da entrada anual de IDEs. Isso significa que, além de o grosso desses ingressos ter servido para as fusões e aquisições, estas atingem tal volume, que outra parte substancial delas é custeada com lucros obtidos no Brasil, reinvestidos naquelas operações. 7. Prossegue, pois, em ritmo acelerado, a apropriação de capacidade produtiva brasileira por transnacionais estrangeiras, o que eleva ainda mais o percentual, já da ordem de 75%, do capital total das grandes e médias empresas em atividade no Brasil sob controle de subsidiárias, registradas no Brasil, de transnacionais com matrizes sediadas no exterior, ou diretamente por empresas estrangeiras. 8. O percentual ascende a, no mínimo, 90% se considerarmos o número dessas empresas, e não, o somatório do capital estrangeiro, porquanto, no cômputo anterior, não se contam as empresas em que a transnacional adquiriu parte substancial do capital, mas não detém a maioria dele, como, por exemplo, a estatal PETROBRÁS, cuja maior parte dos lucros é auferida por acionistas estrangeiros, e a imensa Vale Rio Doce privatizada. 9. Isso nos recorda a mega-fraude das privatizações, o maior assalto havido na História Mundial, praticado, principalmente entre 1996 e 2000, por isso mesmo, o período em que o aumento do grau de desnacionalização da economia brasileira bateu, de longe, todos os recordes. 10. Os dados oficiais dizem que o fluxo de IDEs para as privatizações, entre 1996 e 2000 (US$ 29,6 bilhões), correspondeu a um quarto (1/4) do total líquido deles (US$ 112,6 bilhões). 11. Escabroso e ridículo: não entrou nos cofres públicos nem essa mísera fração das dezenas de trilhões de dólares em que teriam de ser avaliadas as estatais privatizadas – se fosse para atribuir-lhes um preço - porquanto a União e os Estados propiciaram às empresas beneficiárias do esquema vantagens e subsídios em montante muito superior àqueles supostos ingressos, além de aceitar moedas (títulos) podres no “pagamento”. 12. Assim foram surrupiados da propriedade brasileira patrimônios no valor de dezenas de trilhões de dólares. Isso considerando o que se podia estimar na época, porque, hoje, na realidade, os dólares estão fadados a não valer coisa alguma. Ademais, não há, nem havia, em 1997, quando da privatização da Vale, como avaliar em moeda alguma, forte ou não, jazidas de metais preciosos e de metais e outros minérios estratégicos exploráveis por centenas de anos. 13. Ao entrar na presidência, em 1991, Collor fez o Congresso aprovar, de imediato, carradas de projetos de lei, todos ao gosto de Washington. Entre esses projetos, o da famigerada “lei de desestatização”, com a qual se instituiu a entrega das estatais por meio de doações ‘sui generis’, ou seja, de tal natureza que nelas o doador se obriga a, além de dar o patrimônio, pagar, e muito, para fazê-lo. FHC executou a “obra”, num processo em que, e entre outras fraudes, os avaliadores estavam a serviço dos “adquirentes”. 14. Os dólares são emitidos à vontade, e, nos últimos anos, em montantes absurdos, na casa dos trilhões, pelo FEDERAL RESERVE BOARD (FED), o banco central privado e predador a serviço dos grandes bancos norte-americanos, que é para onde vão esses trilhões. 15. Amiúde, os dólares passam pelos paraísos fiscais antes de ingressar no Brasil. Levantamento fidedigno reporta que cerca de 26% (US$ 9 bilhões) dos IDEs, em 2007, foram dessa proveniência. O percentual é, por certo, maior, porquanto praças financeiras, como Londres e Zurique, funcionam também como paraísos fiscais, ademais do Estado de Delaware, nos EUA, onde os capitais estão a salvo de qualquer fiscalização. 16. Os inflacionados dólares e euros servem para comprar bens e empresas por todo o mundo, inclusive por empresas e aplicadores de terceiros países, como a China, Japão etc. 17. Além das grandes transnacionais, entram no jogo os fundos financeiros, formados por vários aplicadores e destinados a investimentos em carteira no Brasil, i.e., à aquisição de ações. 18. Assim, 140 gestoras captaram, em 2009, US$ 4,6 bilhões para investimentos no Brasil, mesmo montante de 2008, conforme pesquisa do Centro de Estudos em Private Equity da Fundação Getúlio Vargas, publicada em 15.04.2010 pelo jornal VALOR. 2. BANCOS 19. Havia no Brasil, até 1990, mais de 300 bancos comerciais e múltiplos, quase todos de capital nacional. O número caiu para menos de 100, havendo agora apenas 10 grandes bancos privados, dos quais sete são estrangeiros: Santander, HSBC, Citibank, UBS Pactual, ABN Amro, Deutsche Bank e Safra. As leis foram mudadas para estes poderem atuar em áreas antes vedadas e ter várias agências em uma mesma cidade. 20. Numerosos grandes bancos privados brasileiros sumiram do mapa: Nacional; Econômico; Real e Bamerindus, entre outros. Vale notar que, em geral, seus donos apoiaram a política antibrasileira de FHC, o que não lhes poupou de serem decapitados de seus reinados financeiros. 21. Eles não se deram conta de que o império não admite reinozinhos nas áreas por ele conquistadas. Foi isso que aconteceu também com os Villares e outros grandes industriais paulistas tragados pelas transnacionais, depois de se terem associado a elas e de terem prestado colaboração a governos que subsidiaram a penetração das multinacionais, inclusive na repressão política. 22. Com efeito, o poder mundial faz questão de quebrar o poder dos que se arvoram em elite local, seja como grandes empresários, seja como políticos ou em ambas capacidades, como Maluf e outros. A oligarquia mundial prefere usar agentes burocratas, do tipo de FHC, que não pretende passar de “intelectual” artificialmente fabricado, ou do de Lula, ex-sindicalista, como Palocci e outros tantos. 23. Pesa também, na desnacionalização dos bancos, a venda a estrangeiros de elevada quantidade de ações do semi-estatal Banco do Brasil e dos mega-bancos privados Itaú e Bradesco. 24. Muito antes da razzia em cima dos bancos comerciais, os bancos estrangeiros já haviam ocupado os bancos de investimento, sob a proteção do decano dos entreguistas, Roberto Campos, czar da economia no governo de 1964-1966. Além disso, empresas estrangeiras de auditoria e consultoria financeira também dominam, há muito tempo, os respectivos mercados. 25. Nos bancos de investimento e financeiras, acumulam-se sobre a ocupação antiga, novos casos, em que são absorvidos associados locais, como agora a Gávea Investimentos, que opera em fundos de hedge, gestão de patrimônio e compra de participações em empresas, além de administrar ativos de R$ 10,2 bilhões. Adquiriu, incusive, há pouco, 14,5% do capital social da Odebrecht Realizações Imobiliárias (OR). 26. O controlador da Gávea é Armínio Fraga, presidente do BACEN na época de FHC. O JP Morgan está comprando 55% dessa financeira para integrá-la à Highbridge, sua subsidiária. 27. O JP Morgan, um dos bancos gigantes de Wall Street, foi um dos socorridos pelo FED com centenas de bilhões de dólares, em 2007/2008, após se terem revelado sem valor seus derivativos mal embasados em hipotecas e outros títulos de crédito. 3. TRANSPORTE AÉREO 28. O setor aeroviário é um dos mais recentes a ser ocupado pelo capital estrangeiro. Como no caso dos bancos, isso foi facilitado pelos “governos brasileiros”, através de modificação de leis e de regulamentos, além de total desinteresse, para não dizer hostilidade, em relação à posição competitiva delas frente a empresas do exterior. 29. O processo de destruição das grandes empresas nacionais do setor iniciou-se com a da PANAIR, por meio de um golpe governamental, aplicado em 1965, sob Castello Branco, um dos presidentes mais pró-EUA de toda a história do País. 30. No decênio iniciado em 2001, deu-se cabo da VARIG, outra grande empresa nacional de transportes aéreos, fundada em 1929. O deputado Paulo Ramos (PDT), que presidiu CPI na AL do Rio de Janeiro, apurou que a venda a venda da VARIG constituiu crime de lesa pátria, montado através de decisões do governo federal, pelo processo de recuperação judicial e pela utilização de "laranjas" na compra. 31. O grupo adquirente, liderado pelo chinês Lap Chan, pagou cerca de US$ 20 milhões e, oito meses depois, vendeu a empresa por US$ 320 milhões". Tão grave, ou ainda mais que isso, foi que os “governos brasileiros” prejudicaram a companhia nacional com a política de tarifas. Depois, abandonaram-na à sua sorte, desprovida de suporte de capital e de financiamento, ao contrário do que fazem outros países em favor das companhias locais. 32. Da liquidação da VARIG resultou o apagão aéreo, com a saída de 60 aeronaves do Brasil e a ocupação das rotas voadas pelas concorrentes estrangeiras. De imediato, o país perdeu linhas internacionais e, com elas, aumentou em mais de US$ 1, 5 bilhão o déficit da balança de serviços, o qual só faz crescer de lá para cá. Além disso, os trabalhadores da VARIG, lesados pelos “adquirentes” ou, antes, liquidantes, e pelo governo, permanecem até hoje sem satisfação a seus direitos. 33. Antes da VARIG, virou pó a VASP, outrora importante companhia aérea do Estado de São Paulo, com grande rede nacional e apreciável atuação também no exterior. Foi, primeiro, privatizada pelo notório devastador do patrimônio público paulista, o então governador Mário Covas, membro da trupe de FHC, Serra e quejandos. Depois, foi gradualmente afundada, como as demais empresas privadas nacionais. Destino semelhante ocorreu com a TRANSBRASIL, também de razoável porte, igualmente atropelada. 34. Assim, tal como fizeram com outros setores vitais para a segurança nacional, como as telecomunicações, os minérios estratégicos etc., os governos aprofundadores da submissão do País entregaram os transportes aéreos de carga e de passageiros ao controle estrangeiro. 35. O vexame chega a ponto de que, embora eu seja cidadão de um país que, no início dos anos 60, contava com grandes companhias com atuação internacional - a VARIG e a PANAIR, além da VASP - quando viajo a Portugal, tenho de ir com a TAP, empresa de um país atrasado economicamente, de população correspondente a 5% da nossa e território com dimensão igual a 1% do espaço brasileiro. 36. Está, ademais, sendo completado o arrasamento do capital nacional nas linhas aéreas, uma vez que: a GOL se tornou subsidiária de uma norte-americana, SOUTHWEST; a WEBJET está vendida para a RYANAIR; a AZUL pertence a David Neeleman, da JET BLUE; e a TAM passou ao controle da LAN CHILE. 37. Outro “investidor” norte-americano, Alliance Bernstein, elevou sua participação na GOL, adquirindo ações preferenciais desta, no montante de mais de 8,7 milhões, iguais a 6,57%. 38. Como observou o atuário Clóvis Marcolin: “Agora vamos modernizar, ampliar, construir com dinheiros públicos estações operacionais para empresas estrangeiras atuarem, lucrarem, por aqui, subsidiadas, um favorecimento que o Governo brasileiro não se dispôs a fazer para a viação aérea, enquanto era nacional.” 39. Aduz ele que a ANAC - Agência Nacional de Aviação Civil, órgão de regulação de serviços públicos, servirá a empresas estrangeiras. A propósito, pergunta: “Quanto a ANAC teve de participação nesse processo de entrega da aviação civil brasileira ao controle de estrangeiros?” 40. Acaba, ademais, de acontecer a estranhíssima aquisição da TAM (29 mil funcionários e 141 aviões) pela diminuta LAN, do Chile (11 mil funcionários e 70 aviões). Os limites legais, ainda em vigor no Brasil, para a participação estrangeira no setor, estão sendo contornados com a formação da LATAM AIRLINES, na qual o controle pertence à família Cueto, que designará o executivo-chefe, pois tem 70,6% das ações votantes. Apenas 29,4% dessas ações ficam com o presidente da TAM, Maurício Amaro. 41. Paira, ainda, no horizonte, a provável aprovação pelo Congresso da elevação de 20% para 40% da participação estrangeira no setor. Adriano Benayon é Doutor em Economia. Autor de “Globalização versus Desenvolvimento”, editora Escrituras."

A Verdade sobre Lula e FHC

A Verdade sobre Lula e FHC Lulla é o MAIOR engôdo, a maior FRAUDE da História do Brasil. "Messias operário" , "vítima da ditadura" ... "líder dos pobres e trabalhadores" ... TUDO MENTIRA!!! A VERDADE SOBRE QUEM REALMENTE É LULLA É DE ESTARRECER, E TEM FICADO OCULTA PELA MÍDIA HÁ DÉCADAS. Darcy Ribeiro sabia. Tanto que cunhou uma frase célebre: "O PT é a esquerda que a direita gosta." Uma vez Lulla no poder, se viu que o velho e venerando professor tinha razão. Brizola também alertara: "O PT é a UDN de macacão." Quem são, realmente, Lulla e o PT??? Para entendermos o monstro, devemos voltar alguns anos antes de seu surgimento. Como eu já disse em outro tópico dessa comunidade, em 1964 os militares americanófilos deram um golpe que era meramente a sequência dos golpes fracassados de 1954, 1955, 1956, 1959 e 1961. Desde 1945, a facção americanófila das Forças Armadas do Brasil havia escolhido como inimigo prioritário à ser destruído o Partido Trabalhista Brasileiro ( PTB ) e seus líderes e aliados. As realizações do primeiro Governo Trabalhista ( o de Vargas, de 1930 a 1945 ) haviam colocado o Brasil na rota da industrialização capitalista feita com capitais próprios. Isso, os americanos e europeus não podiam permitir: siginficava o Brasil repetindo os mesmos passos dados pelos EUA e Europa no século XIX. Se alguém acha que estou delirando, relembro uma frase dita nos anos 70 por Henry Kissinger, secretário de Estado no governo Richard Nixon: "Não permitiremos o surgimento de um Japão abaixo da linha do Equador." Outra boa fonte é um livro chamado "Seja Feita a Vossa Vontade: a Conquista da Amazônia, Nelson Rockefeller e o Evangelismo na Idade do Petróleo." Escrito por jornalistas AMERICANOS e elogiadíssimo por grandes jornais dos EUA, esse livro relata em detalhes os complôs do capitalismo americano contra governos nacionalistas no Brasil ( Vargas e Jango ). Daí as crises sucessivas violentas no Brasil: agosto de 1954, novembro de 1955, rebelião da base aérea de Jacareacanga em 1956, da base de Aragarças em 1959, agosto de 1961 e finalmente, março de 1964. ATÉ contra o moderado ( que nem Trabalhista era ) Juscelino Kubitschek os golpistas miraram suas armas. Quando finalmente a facção pró-EUA triunfa, em abril de 1964, começaram à fazer o serviço ordenado por seus patrões: "limpar" o cenário político de líderes políticos e empresariais nacionalistas ( Jango, Brizola ) e independentes ( JK ). Primeiro cassaram mandatos e direitos políticos. Mas isso ainda não era suficiente. O Trabalhismo TINHA que ser destruído ( era o projeto antigo deles, tanto que logo após a morte de Getúlio, em agosto de 1954, quiseram cassar o registro eleitoral do PTB, mas não o fizeram na ocasião por estarem sem força política para esse gesto extremo ). Então, extinguiram TODOS os partidos políticos e acabaram com as eleições diretas para Presidente da República. Criaram dois partidos de mentirinha para uma democracia de fachada: a ARENA ( pró-ditadura ) e o MDB ( formado pelos adversários menos perigosos do regime, apenas para dar um ar de legitimidade para a farsa ). Nada disso nasceu do acaso: TUDO ISSO já era planejado longamente há muitos anos, antes do golpe, por um grupo de militares "intelectuais" lotados na Escola Superior de Guerra ( ESG ). O "cérebro" desse grupo era o general Golbery do Couto e Silva, que ficaria conhecido como o verdadeiro "Rasputin" ( isso é, o poder por trás do poder ) da ditadura de 1964. Esse grupo militar "intelectual" era conhecido como "Grupo Sorbonne" ( em referência à famosa universidade francesa ). Eram todos eleitores da UDN, lacerdistas e anti-getulistas furiosos portanto. Além de Golbery, alguns outros integrantes desse grupo eram o general Castelo Branco e o general Artur da Costa e Silva. Eles sempre defenderam, nas "teses" que elaboravam na ESG a "necessidade" de se expurgar do País o que eles chamavam de "populismo getulista." Tanto que, tão logo tomaram o poder em 1964, passaram a dizer isso na mídia em alto e bom som com frequência. Por isso a extinção dos partidos, as cassações e perseguições a lideranças nacionais e o fim das eleições diretas. Era preciso "limpar o terreno" para que, quando deixassem o poder ( sim, os milicos não tencionavam ficar para sempre ) e os civis reassumissem, não houvesse mais NENHUMA possibilidade de um Trabalhista se tornar Presidente da República. Mas, como fazer isso??? Apenas fechar partidos e cassar mandatos não era o bastante. Era preciso criar uma alternativa "de esquerda" para seduzir as massas quando a "democracia" fôsse reintroduzida. Essa alternativa seria o dique que barraria a volta dos getulistas à Presidência da República. Golbery não era chamado de "O Bruxo" à toa. Seu plano diabólico foi simplesmente PERFEITO e estamos vendo os resultados hoje. Quem ler documentos escritos por Golbery em 1964, 1965 e 1966 verá que ele falava na "necessidade de fazer surgir um partido socialista sério no Brasil, para conter o populismo varguista." Ora, desde quando um homem claramente de direita, eleitor histórico da UDN e golpista há décadas, e que além de tudo, nos anos de ditadura, foi também um executivo altamente remunerado da multinacional americana Dow Chemical, pode desejar o aparecimento de um "partido socialista" ???? Rodrigo Nunes Ricardo - 13/04/2009 Para quem continua achando que eu estou delirando, surgiro a leitura dos textos de um professor de sociologia de Minas Gerais chamado Gilberto Vasconcellos. Já há mais de uma década ele vem denunciando esses fatos e os trazendo a público. Logo após o golpe, intelectuais "esquerdistas" lotados na famigerada USP começaram a produzir farta literatura atacando o "populismo" e seus líderes: Vargas, Goulart, Brizola, Juscelino, etc. Isso não era gratuito. Era parte do plano de desacreditar e desmoralizar o Trabalhismo e seus aliados. Isso não podia ser bem sucedido se fosse feito só pela direita. Era preciso que houvesse gente "de esquerda" fazendo o ataque, fazendo o serviço sujo da ditadura, para seduzir os ingênuos, incautos e desinformados. Poderia citar o nome de vários desses "intelectuais de esquerda" , mas basta dizer apenas um nome: Fernando Henrique Cardoso. FHC, aliás, ainda naquela época, recebeu uma FORTUNA da Fundação Ford para escrever seus "trabalhos intelectuais sobre a realidade brasileira." Não é interessante isso??? Um "esquerdista" sendo remunerado à peso de ouro por uma fundação financiada por uma grande indústria americana ( a Ford Motor Company ) para escrever suas teses... Enquanto os intelectualóides da USP, remunerados à peso de ouro pelo imperialismo americano, faziam o serviço sujo no meio cultural e educacional, a ditadura tratou de encontrar alguém que fizesse o mesmo serviço sujo no meio sindical, junto ao operariado. No pós-golpe, os sindicatos estavam TODOS sob intervenção militar. Ninguém se tornava diretor ou presidente de um sindicato se não estivesse "de bem" com a ditadura. Golbery e seus asseclas começaram a procurar, no meio desses sindicalistas dóceis ao regime, alguém que pudesse ser o líder de massas da "esquerda que a direita gosta" , o líder de massas confiável ao capitalismo mundial para quando os militares deixassem o poder. Encontraram, lá dentro do sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo e criatura certa: um operário bronco, inculto, grosseiro, beberrão e reacionário chamado Lula. Reacionário sim, pois Lula era ademarista - eleitor de Adhemar de Barros, notório político corrupto de São Paulo que nos anos 40, 50 e 60 era conhecido como "rouba mas faz" : Adhemar foi um dos principais golpistas civis em 1964. No auge da ditadura, na fase mais brutal do regime, em 1972, durante o (des)governo Médici, com o AI-5 em pleno vigôr, aonde estava Lulla??? RESPOSTA: estava NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA fazendo um CURSO DE SINDICALISMO. E QUEM PAGOU TODAS AS DESPESAS??? O GOVERNO BRASILEIRO!!! A DITADURA MILITAR!!!! Lulla, aliás, não foi o único. Muitos outros "sindicalistas" de araque, capachos da ditadura, fizeram o mesmo curso nos EUA naquela mesma época... Muitos dos quais estão aí hoje, na política, na CUT, no PT... Ora, o que de bom em termos de sindicalismo eles podem ter aprendido nos EUA??? Quem ler a História do sindicalismo norte-americano vai descobrir que é uma História profundamente suja: naquele país, historicamente os sindicatos sempre foram controlados pela Máfia. Nomes como Jimmy Hoffa, Bugsy Siegel e Lucky Luciano ( entre outros ) são parte da História sindical norte-americana. De qualquer forma, o simples fato da DITADURA MILITAR ter PAGO para elle ir lá fazer esse curso, já mostra quem elle realmente é. De volta ao Brasil, Lulla foi instalado em cargos importantes dentro do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, e em 1975 ( ainda sem usar barba ) se tornou presidente do sindicato. Em 75, nunca é demais repetir, o AI-5 vigorava, os sindicatos estavam TODOS sob intervenção e NINGUÉM se tornaria presidente de um sindicato ( ainda mais um sindicato importante desse ) sem as bençãos da ditadura. Desde 1975, portanto, Lulla não trabalha. Não sabe o que é pegar no pesado desde aquele ano. Como elle nasceu em 1945, a conclusão é inescapável: trabalhar mesmo, elle trabalhou MUITO POUCO na vida. Cai assim também por terra o mito do Lulla "coitadinho que não estudou porque não teve oportunidades." A Verdade é, elle as teve de sobra desde os anos 70. Não estudou foi porque não quis mesmo, porque é um mandrião, vadio. Outros colegas delle de sindicato aproveitaram a oportunidade e estudaram ( como Vicentinho, que se formou em Direito ). Outro mito é o do Lulla "sofrido e humilde" : nessa época ele já tinha carro e uma casa boa de classe média de dois andares em São Bernardo do Campo. Mas talvez o mito mais odioso, falso e vergonhoso é o do Lulla "vítima da ditadura." Mentira total. Não só ele foi aos EUA em 1972 estudar sindicalismo ( a ditadura pagou ) e assumiu a presidência do sindicato em 1975 ( a ditadura o colocou ali ), como a História fica CADA VEZ PIOR. Lulla não era apenas um sindicalista pelego ( capacho da ditadura ). Elle era algo ainda PIOR que isso: Lulla tinha uma vida secreta, paralela. Elle era agente informante da repressão da ditadura militar, do tristemente célebre DOI-CODI, o órgão onde muita gente foi torturada e morta. O nome código de Lulla como informante do DOI-CODI era "agente Boi." Nos anos 70, enquanto os nomes de Jango, Brizola e até mesmo de Juscelino e Getúlio Vargas mal podiam ser citados, vários professores tidos como "comunistas" lecionavam livremente em universidades importantes e seguiam publicando ( sem censura ) a literatura pseudo-esquerdista de ataque ao "populismo manipulador das massas" do antigo PTB. Curioso fenômeno. A ditadura não era anti-comunista??? Então, como que esses notórios comunistas tinham tanta liberdade de ação??? Em 1975, um ano antes de sua morte misteriosa e muito mal-explicada ( assassinato ??? ) Juscelino Kubitschek tentou assumir uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. A ditadura moveu mundos e fundos para impedir a eleição de JK: o ditador de plantão Ernesto Geisel disse que só liberaria verbas para a ABL se JK fôsse derrotado. Subserviente, a ABL fez a vontade da ditadura, e elegeu no lugar de JK... um escritor COMUNISTA!!! A DITADURA RESPIROU ALIVIADA!!! Ou seja, alguma coisa estava muito mal explicada ali. Eles tinham mais ojeriza à Juscelino que a um comunista???? Do que eles REALMENTE tinham medo???? Esses intelectuais "esquerdistas" , vários deles, a maioria, seria fundador do PT. Outros tantos fundariam o PSDB alguns anos depois. A farsa, tramada por Golbery, Castelo e outros desde os anos 50, começava a se materializar e o plano entrava em seus estágios finais. Viviam-se os anos da "abertura política lenta, gradual e segura" do general Ernesto Geisel ( ele próprio um militar integrante do "Grupo Sorbonne" ). Essa dita "abertura" tinha como objetivo oficial a "volta da democracia" - fica claro o tipo de democracia que eles projetavam: uma democracia de fancaria, com esses falsos líderes e partidos progressistas para iludir as massas com miragens após os militares deixarem o Poder. Em 1978, quando até os paralelepípedos das ruas sabiam que a ditadura se aproximava ( lentamente ) de seu fim, "espontaneamente" o senhor Lulla começou a liderar as famosas mega-greves do ABC paulista. E nada lhe acontecia, embora o AI-5 AINDA estivesse em vigor e esse tipo de atividade fosse proibida... curiosíssimo... como também é curioso que, enquanto naquele mesmo ano Lulla era capa da revista "Veja" e saudado pela imprensa americana como "herói da classe operária" o nome de Leonel Brizola CONTINUAVA sendo um nome PROIBIDO pela censura... Em 1979, vem a Anistia e os exilados retornam. Brizola volta ao Brasil. No mesmo ano, a ditadura extingue o bi-partidarismo e permite novamente a criação livre de partidos políticos. O que fêz Brizola? Começou a procurar reorganizar o PTB com vistas a refundar o partido. Óbvio, Golbery não poderia permitir isso. Por meio de uma série de manobras profundamente vergonhosas na Justiça Eleitoral, Golbery procurou garantir que a mitológica sigla, tão cheia de significado histórico, não caísse nas mãos de Brizola. Golbery achou a oportunista perfeita para entregar a sigla PTB: Ivete Vargas. Ivete Vargas era sobrinha do fundador do partido, Getúlio Vargas, mas NADA tinha em comum com o tio, exceto o sobrenome. Nos anos 50, quando era deputada federal, Ivete era amante de um dos piores inimigos de Getúlio: o deputado Afonso Arinos de Melo Franco, da UDN. No auge da crise de agosto de 1954, Ivete foi ao Palácio do Catete. Foi dar solidariedade ao tio ameaçado pelos golpistas??? Não!!! Por incrível que pareça, foi ao Catete perguntar à Vargas, diante da possibilidade dele ser deposto, "o que seria da carreira política dela." Getúlio respondeu apenas, com amargura: "Não se preocupe que da sua carreira eu vou cuidar..." Dias depois, Getúlio Vargas se suicidava. Golbery portanto sabia que Ivete era uma figura confiável para a ditadura militar, e deu a ela o registro do PTB em 1980, numa atitude que chocou todo o Brasil na época. Brizola foi para a televisão em lágrimas denunciar o esbulho que havia sofrido. Até mesmo o famoso poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu uma poesia de protesto contra o roubo da sigla PTB feito pela ditadura militar. Não é portanto, surpresa, que o PTB moderno NADA tenha à ver com o PTB de antes de 1965. É por isso que o PTB moderno é o partido dos Robertos Jeffersons e outras criaturas corruptas. A ditadura já havia feito o serviço sujo de impedir que Brizola retomasse a antiga sigla tão cheia de significado e tradição. Mas o plano ainda não estava completo: era preciso que surgisse o "partido autenticamente operário" , o tal "partido socialista sério" de que Golbery já falava nos anos 50 e 60, partido este, que claro, teria a função de desidratar a liderança de Brizola junto às massas. ( CONTINUA )